sábado, 1 de agosto de 2020

Sobre coisas estranhas

É estranho, planejar todo um dia com os amigos e de repente, não mais que de repente, sentir toda o ânimo que tinha se esvair pelos dedos, como se evaporassem por entre cada um de meus poros. É estranho acordar e me sentir triste por não ter nenhuma mensagem de bom dia, ninguém dizendo que sentiu minha falta ou que pensou em mim enquanto eu dormia. É estranho pois, no dia seguinte, me sinto sufocado ao ver o celular abarrotado de notificações, estranhos, conhecidos pedindo favores, e então sentir vontade de simplesmente desaparecer. É estranho sentir-se sozinho mas, ao mesmo tempo, não querer conversar ou ver ninguém. É estranho, passar a semana inteira esperando pela Missa de Domingo e, no sábado a noite ser tomado pelo desânimo que mergulhou o meu corpo num torpor terrível, dentro do qual eu não consigo ver nada além de uma névoa e me obscurecer a visão, a me sugar as forças, a me deixar inerte, no silêncio, sozinho e, mesmo experimentando o gosto amargo da solidão ainda sentir vontade de me isolar ainda mais nos recessos profundos da minha mente. É ser tomado por uma tão grandiosa desesperança com relação aos homens, ao mundo e a existência, que o simples fato de sair do quarto e viver torna-se um suplício. É querer sumir, evaporar, e ainda assim ser lembrado, ser querido, ser amado. Pode ser apenas a expressão de uma necessidade patológica de atenção, não sei. Conhecer, conviver é, não só doloroso e cruel, mas tão desgastante que parece que criei certo trauma do outro, trauma do homem. De um lado há o desejo, provocado pelos instintos primitivos de medo e carência, do homem, e por outro há o que se aprender durante a dura experiência humana. A constatação de que o universo é hostil e a humanidade é inviável. É como um prato, que ao ser preparado se mostra aromático, belo, e potencialmente saboroso, mas que no fim torna-se insosso, difícil de engolir. 

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