segunda-feira, 31 de maio de 2021

O que esperar

O que pode diminuir essa angústia? O que eu posso fazer pra me sentir melhor, pra não me deixar ser consumido pela ansiedade que se abre debaixo de meus pés como um abismo, e me consome como um oceano de águas geladas e escuras sem fim? O que será de mim se, ao passar destes três ou quatro dias não restar nada de minha mente e nem de meu corpo? O que mais eu poderei fazer? 

Não dou conta, eu sei que fraco e um lixo, eu sei que não consigo fazer nada direito, e cada pequeno deslize é como se gritasse isso em meus ouvidos, é horrível, é como se fosse a pior pessoa do mundo, é como se fosse um desperdício de espaço, como se não devesse existir. E é assim que me sinto, encaro a minha vida como um grande erro, e apenas isso. Não vivo senão que apenas sobrevivo, um dia após o outro, um maldito dia após o outro, cada um sendo pior do que o anterior, e sem nenhuma perspectiva de melhora. 

Quando vou conseguir sair dessa cama? É como se meus ossos estivessem amarrados a ela, é como se ela me sugasse as forças, e todos meus músculos, cada fibra do meu ser, perde a capacidade de se desprender dela, e eu só consigo ficar aqui, vegetando, sem conseguir me mover, sem conseguir ser mais do que essa massa disforme que se lamenta de um lato para o outro a espera de alguma coisa, a espera de alguém, a espera de que algo aconteça. Mas eu mesmo não tenho ideia do que seja... Eu só fico aqui, e não é uma existência muito honrada, é apenas isso, uma existência, mínima, patética, deplorável, que muito bem poderia desaparecer sem prejuízo algum. 

Já não creio que alguém possa mudar isso. Já não creio no futuro. Já não sou tolo o bastante para ter esperanças de qualquer tipo. Agora tudo o que eu espero é o caos total, o erro, o findar, a morte... Agora tudo o que eu desejo é voltar ao nada, retornar a inexistência. 

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