sexta-feira, 4 de junho de 2021

Recomeçar

Ontem foi o dia decisivo em que, após tantos esforços, eu finalmente consegui me afastar das minhas atividades com o objetivo de focar um pouco mais em cuidar de mim mesmo. Os últimos dias foram terríveis, e eu passei mal várias vezes, apreensivo, com medo de que tudo desse errado, com os nervos à flor da pele, sem conseguir dormir ou comer e me machucando muito. Mas eu consegui, após a missa e procissão de Corpus Christi eu me despedi do conselho paroquial e efetivamente me retirei de todas as atividades, e então, finalmente depois de várias semanas, eu consegui dormir, dormir profundamente. 

Acordei hoje com o corpo cansado, mas não aquele cansaço de antes, apenas aquele que resta quando um fardo pesado demais é tirado de cima das costas. Eu dormi o dia todo, e precisava disso, precisava me recuperar, precisava conseguir dormir sem ter que preocupar desesperadamente com detalhes mínimos que sempre me tiraram o sono. Não é como se meus problemas tivessem acabado, mas é um passo importante para, como disse, focar um pouco em mim mesmo. 

Como me sinto? Estranhamente leve... E pensar que ainda ontem eu tremia de medo, a ansiedade em picos elevadíssimos me fazia ter vontade de vomitar e eu claramente perdi muito peso nas últimas semanas. Agora é pensar no daqui pra frente. 

Quero estudar um pouco mais, poder me dedicar à Verdade e quem sabe até outras coisas. Me inscrevi num curso de necropsia e perícia criminal, uma oportunidade de aprender coisas novas, um novo mundo, quem sabe. E isso me agrada bastante. Vou poder maratonar mais séries, e ver com alegria e sem preocupações as que eu já comecei a ver, e isso me agrada bastante mesmo. 

Sinto como se eu visse o sol nascendo, é algo bom, algo novo. Fazia muito tempo que eu não conseguia aproveitar algo simples como dormir ou sentir a brisa no meu rosto, fazia muito tempo que eu não tinha preocupações a perder de vista, fazia muito tempo que eu não sabia o que era descansar de verdade. E agora eu pude, deitar e sentir todo aquele peso deixar o meu corpo, deixar tudo ir, tudo desaparecer, e finalmente me sentir um pouco leve. 

Claro, deixar a pastoral que tanto amo e a qual me dediquei com tanto afinco por anos foi sem dúvida a decisão mais difícil que já tomei, mas essa dor é algo necessária para que eu possa, um dia, voltar e conseguir caminhar de uma maneira mais saudável. É como diz a música:

"A dor do fim vem pra purificar, recomeçar..."

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