quarta-feira, 30 de junho de 2021

Pensando

Pensando no anos que se passaram, na solidão que se prologa como o frio do inverno, numa força incontornável, num desejo insaciável, numa amargura implacável, numa ingratidão, num balbucio, numa eterna necessidade de companhia sempiterna. São rimas fracas, pobres, vazias, assim como me sinto, assim tão frágil, vazio e sem contorno conforme passam os dias e não tem um alguém a me abraçar, uma mão firme a me segurar, lábios doces a me beijar... Tem dias que a gente se sente sozinho, vazio, como quem partiu ou morreu. Tem dias marcados pelos momentos, que vão e vão sem parar, como o trem que partiu com gente que nunca mais vai voltar, mas algumas coisas ficam, e eu queria que elas se fossem, queria não sentir, queria nem me lembrar que me tomaram pela mão e me levaram onde queriam, queria apenas me esquecer: do sentimento de ser só, da dor de dormir só, da ingratidão, da eterna substituição. Tem dias que a solidão se lembra da pessoa solitária e a agarra com força, tem dias que seus tentáculos levam o homem para o escuro abismo, onde ele ao perder os sentidos sonha um sonho impossível, de voar o céu num limite improvável, tocar aquele inacessível chão dos campos Elíseos, quantos tentáculos que me sufocam como serpentes eu terei de vencer para conseguir andar, mas não andar sozinho? 

Nenhum comentário:

Postar um comentário