domingo, 17 de abril de 2022

Redescobrir

Finalmente a maratona terminou, posso então descansar, e me joguei pesadamente sobre a cama quando finalmente cheguei em casa pela última vez nesse fim de semana. Depois de dias intensos eu consegui chegar ao termo das minhas obrigações. Agora eu experimento as sensações que ficaram; Não me referindo ao lado espiritual muita coisa marcou os últimos dias, a dificuldade de manter a paciência e a tranquilidade quando tudo parecia exigir que eu entrasse em fúria e largasse pra lá meus compromissos. 

Revi pessoas que já não via há anos, e foi estranho como isso mexeu comigo, algo se contorceu dentro de mim de uma maneira que eu não esperava. Senti sobre mim aquele olhar de desprezo, e não pude deixar de sentir isso no peito, onde um dia senti por essa pessoa carinho e admiração. Uma confluência de sentimentos contrastantes se apossou de mim, se por um lado eu queria abraçá-lo e pedir que me perdoasse por algo que eu tenha feito e o incomodado, ao mesmo tempo eu queria fugir e fingir que esse encontro nunca existiu pois eu não deveria me envergonhar e me desculpar por ser quem eu sou, o olhar gelado me paralisando. 

Também vi alguém que me lembrava uma pessoa bem importante que se afastou de mim e que com certeza não pensa mais em mim, mas ver seu irmão sentado ali, nos bancos da igreja e caminhando nas estações da Via Sacra, me fez lembrar daquele tempo, antes de eu estragar tudo com meus sentimentos. Irmão daquele que amei, e que se foi pedindo que o esquecesse, mas como esquecer o que se marcou tão fundo no coração com uma amizade sincera que depois tornou-se um sentimento ainda mais forte? A semelhança desconcertante me desconfigurou, me recordou aquela tristeza que senti quando ele me pediu que, a partir daquele momento, voltássemos a ser estranhos. A assim o foi. Mas ainda dói, ele ainda tem um lugar dentro de mim, mesmo depois de tantos anos. 

Vi muitas pessoas desconhecidas, rostos bonitos que me encantaram, e que se foram de modo fugaz deixando apenas os meus olhos brilharem enquanto meu coração se apertava um pouquinho. 

Não consigo dizer muito o que se passou, o cansaço ainda é maior que a inspiração, mas o meu coração guardou essas três sensações, e agora elas rastejam dentro de mim enquanto eu busco encontrar um lugar pra elas. 

Não posso me esquecer, no entanto, do que me ajudou a descansar no auge desses dias atipicamente difíceis. As brincadeiras e sorrisos doces dos vídeos de OhmFluke, um casal fictício de atores que eu acompanho e gosto muiyo, que me alegraram quando eu nem conseguia mais falar ou andar, trouxeram pra mim um pouco de vontade de continuar, me trouxeram naquela beleza singela força. Também me comovi com o delicado crescimento do relacionamento de Tofu e Nut em The Miracle of Teddy Bear, uma série tailandesa que tem me encantado, que insisti em ver mesmo quando chegava cansado à noite. Ver o amor crescer entre os dois também foi motivo de inspiração pra mim, a forma como eles vem descobrindo a importância um do outro em suas vidas e como isso vem sendo importante pro crescimento de ambos é algo que tem me marcado bastante. 

Essas experiências, as felizes, belas singelas e sublimes com o sagrado, e aquelas que me trouxeram algum tipo de desconforto, ambas se incorporaram no meu ser e agora caminham comigo na construção do meu eu. Tenho percebido que redescobrir nessas a mim mesmo nessas vivências é um processo constante. 

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