segunda-feira, 4 de abril de 2022

Visões do Amor

Almas que se reencontram depois de muito tempo, corações que se inquietam, inflamam de amor e nas adversidades do ser encontram a tranquilidade num olhar, num abraço apertado que junta de novo todos aqueles caquinhos que foram se espalhando pela dureza dos anos. 

Todo mundo devia merecer um amor assim, alguém eu fosse paciente e lutasse para compreender os momentos mais difíceis da sua alma. Todos deviam ter um abraço para retornar ao fim de um longo dia, alguém que secasse suas lágrimas que brotam e caem como gotas de chuva no terreno do coração. Todos deviam ter alguém capaz de sorrir mesmo depois de se machucar. Todos deviam ter um lugar para retornar quando tudo o mais parece estar perdido. Todo mundo devia poder se perder nos braços do amado ou nas curvas de um sorriso carinhoso onde se é compreendido e amado.

Digo isso enquanto me abraço mentalmente e busco, de algum, ser esse lugar para mim mesmo, tomado de uma profunda desesperança de que todas as pessoas um dia cheguem a viver isso. Todo mundo devia mas poucos são aqueles que conseguem alguém que se esforce para os entender de verdade e apoiar quando tudo parece desmoronar. 

Por isso acho bonito que nas histórias as almas destinadas se encontrem e se completem de algum modo. A minha inspiração pra pensar na beleza disso é a série que tenho assistido, The Miracle of Teddy Bear, e que mostra como o carinho por alguém pode fazer toda a diferença quando se trata de um coração maltratado pela vida. Um abraço reconfortante pode render lágrimas que curam e que colocam pra fora aquela mágoa antiga, aquela dor que se instalou no profundo do ser e que vai sendo exorcizada, eliminada pelo poder do amor. 

Por mais pessimista que eu soe eu sou uma pessoa que ainda acredita no poder do amor, só não acredito que todos consigam esse poder. A maior parte de nós tem de viver apenas com a própria esperança, e os que perdem até mesmo isso se tornam vagantes sem rumo. Me encontro dentre esses. 

Pensava nessas coisas enquanto assistia ao último episódio lançado e ainda tentava me recuperar do impacto que foi o filme que escolhi pra ontem a noite, Como Pétalas Que Caem, e que me mostrou, de certo modo, justamente isso, que algumas pessoas, mesmo destinadas ao amor, ainda sofrem para tentar encontrá-lo e ainda mais para que ele permaneça em suas vidas. O amor é como uma pétala que cai, florescendo brevemente para depois se perder, e apenas às vezes se mostra firme como a rocha. Nossa sina é conviver com essa verdade. 

Isso não significa, no entanto, que tenhamos de deixar de perceber a beleza da estação das flores, enquanto não caem as pétalas ainda são lindas de se ver e merecem ser contempladas. Como um amor que  não acabou, ou uma amizade que ainda não encontrou outro caminho. O amor deve ser vivido, e admirado como como uma pedra preciosa, enquanto ainda está aí. Por isso me lembro daquela passagem de Khalil Gibram que disse "Quando o amor vos chamar, segui-o". 

Não ficou clara a minha posição não é mesmo? É porque ela é turva também para mim, ao mesmo tempo que considero o amor uma dádiva a ser cultivada eu penso nele como uma arma que nos leva ao desespero. E é nessa tensão que eu me encontro. O amor é uma espada de dois gumes, uma estrada por agrestes escarpados mas com um brilhante céu pavimentado de miríades de estrelas. A mesma quantidade de sentimentos que podem caber num abraço apertado ou num sorriso sincero. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário