domingo, 26 de junho de 2022

Doce Perfume

Como o bater de asas de uma borboleta que pousou numa fonte cristalina e depois desapareceu em meio as flores de um grande jardim ela chegou e se foi, rápida, fugidia, e não me deixou reter entre meus dedos, escapando como fumaça mas não sem deixar no meu peito o seu calor. Fechando os olhos eu me recordo daquelas cores que por um instante brilharam diante de meus olhos, assim consigo reconstruir um pouquinho, em palavras, aquilo que vi e senti com todo meu ser num único momento, um piscar de olhos.

Algumas experiências são assim, é quase sobrenatural o que se imprime na alma em um instante, uma impressão tão profunda que dificilmente conseguimos expressar na superficialidade das palavras, mas que continua lá, marcada a ferro, num lugar tão escondido que nós mesmos só conseguimos ver quando silenciamos tudo ao nosso redor e deixamos apenas aquela voz ressoar na escuridão, transcendendo então em luz que a tudo traz vida e calor. 

Essa experiência me foi desencadeada, e quase sempre é assim comigo, pela doce voz de um cantor que tenho ouvido muito, e isso tem acontecido com uma certa frequência. Semana passada mesmo eu me lembro de ter sentido isso ao ouvir algumas músicas do Nunew, hoje foram algumas faixas do Jeff Satur que caíram no aleatório e acabaram por me chamar a atenção. Ele tem uma voz uma voz cristalina e consegue me passar a força de vivências profundas, eu sinto uma vitalidade incrível ao ouvir ele cantar, entre falsetes e melismas, sobre sentimentos e coisas do coração. Não consigo ficar indiferente a alguém que imprime tanto da sua alma no que faz. 

Fico então com essa impressão, de um céu estrelado e uma pequena fogueira aquecendo os amantes ao seu redor, a cabeça de um apoiada no ombro do outro, mãos entrelaçadas, uma voz e um violão e apenas o amor a se espalhar, como a luz dos vagalumes ou o doce perfume das flores. 

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