domingo, 12 de junho de 2022

Vida e Futuro

Inevitavelmente pensativo sobre o futuro, diante de uma mudança tão drástica se aproximando cada vez mais. Tive alguns sonhos incômodos essa noite, onde eu precisava correr desesperado para alcançar alguma coisa que eu não sabia o que era mas que fugia de mim e eu a perseguia em desespero. Talvez seja uma imagem do sentimento que vem dominando silenciosamente nas últimas semanas, o de que eu preciso finalmente começar a correr atrás de um futuro, de algo, de um objetivo, e me despertar da letargia em que me encontro. 

Isso provoca em mim ânsias suicidas, não posso deixar de falar sobre isso, porque quanto mais eu penso no que deverei fazer, no quanto preciso lutar para ser alguém, e no longo caminho que eu preciso percorrer, não importando qual caminho escolha, eu me sinto tão sufocado, tão desesperado que minha reação mais imediata é a de me atirar de uma ponte, sentindo o ar passando rápido pelo meu rosto como quem se lança rumo ao infinito. 

Infelizmente eu não posso fazer isso, por motivos que eu não consigo explicar mas que podem se condensar, embora não se resumam apenas a isso, a covardia, ao medo de provocar dor a quem eu amo. Mas talvez eu apenas use isso como desculpa para não fazer. 

Por outro lado a realidade patente que eu enxergo cada vez que fecho os olhos e me foco no que há no meu núcleo, é apenas uma vontade, um desejo profundo e sincero de desaparecer, não de morrer e ser lançado no inferno, não, mas de voltar ao nada, de nunca ter existido, de simplesmente desaparecer como um pequeno grão de poeira no vento. Infelizmente eu também sei que isso é impossível. Aquilo que entrou no ser por um instante que seja jamais retorna ao nada, meu futuro está traçado para sempre, e eu só consigo pensar no quanto eu deveria me alegrar pelo presente da existência, mas como eu me sinto profundissimamente infeliz com ela, ao acordar e abrir os olhos em cada manhã eu não vejo a beleza de um sol que brilha iluminando a tudo e trazendo cor a um mundo até então envolto em trevas, não, eu vejo apenas o início de mais um dia terrível. 

Já prevejo trabalhar num emprego medíocre, com chefes imbecis me dando ordens absurdas como foi no último colégio em que trabalhei. Não vislumbro nenhum tipo de glória intelectual em ensinar coisas a pessoas que não querem aprender. Não que acredite que exista alguma glória intelectual, todo trabalho de ir de encontro com a verdade é um trabalho em vista de uma vida futura, e essa expectativa futura é a única coisa que ainda me obriga a levantar todos os dias. É como diz a música "nada pode me encantar na terra, a verdadeira felicidade não se encontra aqui" e por isso para onde quer que eu olhe eu só vejo desolação. E bem sei que isso soa como se eu tivesse aderido ao gnosticiscmo, mas não é algo que decidi acreditar, é apenas uma experiência da qual eu não consigo fugir, eu não acho bela essa visão de mundo, de um mundo caído que precisa ser destruído, pelo contrário, eu acho desesperadora, e é esse desespero que vem me dominando. 

Queria poder dormir, por um longo tempo, e acordar sem essa sensação ruim, mas também sei que isso não é possível. Só resta enfrentar a realidade de frente, lamentavelmente lutar, para viver cada dia, mesmo que cada fibra do meu ser deseje simplesmente que não houvesse vida alguma. 

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