quinta-feira, 2 de junho de 2022

Minha engrenagem e o seu jaleco

Nessa última noite insone, e eu já nem sei mais dizer se é resultado de uma hipomania ou de um episódio misto, eu decidi rever My Gear And Your Gown, o BL feito em parceria entre a GMM TV e a WE TV e que, na época do lançamento, me deixou tão animado por ser protagonizado pelo Marc Pahun, que eu tinha conhecido em Blacklist e simplesmente me apaixonado. Quando fiquei sabendo que ele teria o papel principal num BL eu dei pulos de alegria. 

Revendo então madrugada a dentro eu percebi alguns detalhes que tinham me passado despercebido na primeira vez que assisti. Lembro que a decepção foi enorme, e de verdade é bem chato o fato do casal só se resolver aos 45 do segundo tempo e perderem quase todo o tempo dos 12 episódios brigando por coisas que seriam facilmente resolvidas se eles sentassem, conversassem e fossem sinceros um com o outro. Ao menos essa perspectiva não mudou, mas algumas coisinhas me chamaram a atenção. 

Eu gostei muito quando, ainda na primeira fase da temporada, com os meninos no colégio, depois de um breve desentendimento e reconciliação, o personagem do Marc coloca pra tocar a música STAY da banda GETSUNOVA, uma das minhas músicas tailandesas favoritas e que eu conheci antes da série e já amava muito. Com uma letra belíssima ela casou lindamente com a cena de reconciliação, marcando também uma maior proximidade dos protagonistas, que se abraçaram e ficaram ouvindo a música com os amigos num momento muito fofo. Vários episódios depois, quando os dois nem estavam se falando mais e só estavam se aturando no mesmo ambiente por causa de uma promessa feita meses atrás, e um deles decide dar um passo definitivo rumo ao entendimento cantando a mesma música num daqueles concursos para calouros que são bem comuns nas universidades tailandesas. Claro que esse gesto, vindo do personagem mais tímido e introvertido, tocou o coração do outro, e abriu caminho para que eles finalmente se entendessem.

Uma vez colocados os pingos nos i's eles resolvem trocar os brincos, que eram símbolo da promessa que tinham feito quando estavam lá no colégio e que agora cumpriam aqui na universidade. Pai, o personagem do Pawin, entrega o brinco em formato de jaleco, que ele comprou encorajado pelo outro e que, por ter a cor correspondente ao nome do agora namorado, era um símbolo do sentimento que ele nutria desde o dia que o Itt, personagem do Marc, o ajudou duas vezes quando ele chegou no colégio novo. Itt, por sua vez, entrega o brinco em formato de engrenagem que, como é tradição entre os estudantes de engenharia, simboliza o coração entregue a pessoa amada. Ele ainda pintou a engrenagem de branco, por ser o significado do nome do Pai. 

Essas foram duas sutilezas que eu achei importante ressaltar, além é claro de frisar o jeito meio torto do Itt de demonstrar o cuidado pelo Pai, ele cuidava do outro a distância, mandando presentes e tentando ajudar nas atividades do concurso mas pessoalmente tratava Pai com frieza, meio sem tato mas ainda é fofo. Embora a história em si pudesse ter sido bem melhor, o que eu culpo o roteiro, a direção do New Siwaj foi muito bem acertada e essas cenas foram muito lindas de se ver, especialmente o beijo depois da troca dos brincos, finalmente mostrando os dois se entregando ao sentimento que eles nutriram por tanto tempo. Gosto quando esses pequenos detalhes ficam guardados, eles são sinais externos dos sentimentos profundos e belos que os personagens sentem e, sendo então a obra de arte um símbolo aglutinador de experiências humanas possíveis, acho super válido que a gente tenha uma atenção um pouquinho maior nesses momentos. 

Fica aqui ainda uma menção honrosa pela cena em que o Folk (personagem do Napat) se vê chorando desesperado depois da tentativa de estupro por parte do amigo do Pure (Fiat Pattadon). Embora novato ele conseguiu transmitir uma carga dramática tremenda ao empurrar o Pure pra longe, com medo do toque dele depois de ter sido agredido pelo outro, e então caindo no chão e chorando sozinho. Uma cena forte, mais uma vez, muito bem dirigida que mudou bem o tom que o personagem tinha até então.

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