sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

Aforismos dispersos sobre o amor

The End Of Tje Line, Nickie Zimov

"O amor não se manifesta através do desejo de fazer amor, mas através do desejo de partilhar o sono" (Milan Kundera)

Por onde eu começo dizendo isso? Quantas vezes já te falei dos meus sentimentos, quantas vezes já tentei explicá-los a você e quantas vezes me vi inflamado ao pensar em você e agora novamente ao ler essas linhas que, tão brevemente mas com tanta verdade, conseguiram condensar o que sinto? Em verdade é como se eu mesmo as tivesse dito, de algum modo resgatando algo de dentro profundo do meu próprio coração. 

Essa imagem é então cândida e doce, e me faz suspirar, como já o disse, em vivas ânsias de amor, somente ante a perspectiva de tocar-te enquanto dorme, de ouvir a sua respiração, de encostar levemente minha cabeça nas suas costas... É errado? 

Não há, como disse a autora, tão somente o desejo sexual, que me parece tantas vezes superficial e que pode ser entregue a qualquer um. Mas também não nego que ele exista, no entanto, comigo ele se expressa como a culminação da expressão do amor, em lugar análogo ao desejo de partilhar o sono. 

Tão somente me resta então essa doce visão, dessa doce harmonia. Tão doce quanto impossível, que só pode tomar forma e figura nos recessos da minha mente, no mais profundo tão intangível e invisível que somente os sonhos que tocam o mais inconsciente conseguem ver o mais leve vislumbre... Mesmo assim é lá que se encontra minha verdadeira identidade e o verdadeiro sentimento que eu não não posso partilhar nem mesmo com você.

X

Eu devia tirar os corações da frente do seu nome, e com isso mudar o que seu nome significa no meu coração. Droga, não devia ter deixado você me dominar assim, agora eu estou aqui sofrendo, sozinho, por um amor que só existe na minha cabeça... Eu me pergunto se, em alguma parte, estou insistindo nisso por uma esperança real ou se é apenas a insistência psicótica numa fantasia, ou se eu quero me destruir repetindo o mesmo erro pela milionésima vez, se eu desejo mesmo me ver morto uma vez mais ou se essa será a derradeira paixão a me aniquilar o ser. Mas e você? O que o faz continuar me observando? 

X

E é claro que dar vazão aos meus sentimentos não deu um bom resultado, isso já era claro. Te incomodei, te irritei e você sumiu, e já começa a desaparecer como tantos outros que já se foram antes de você. Não o culpo, como hoje também não culpo a mais ninguém. 

Eu sou o culpado, só não sei  motivo, só não consigo enxergar claramente o que em mim causa esse afastamento no outro, se é meu pessimismo, minha aparência grotesca ou o algum outro aspecto da minha personalidade que me torna tão repulsivo... Eu realmente não sei o que é... 

Também não há muito que eu possa fazer, além de respeitar e também me afastar. De, uma vez mais, a milionésima quem sabe, guardar meus sentimentos bem fundo no meu peito, tão profundo que não machuque mais, que não incomode mais, que não faça ninguém sofrer. 

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