quinta-feira, 21 de março de 2024

Aforismos

"Tantas pessoas viviam fechadas em si mesmas como se fossem caixas, mas de repente se abriam revelando-se de um jeito tão lindo se você demonstrasse interesse por elas." (Sylvia Plath)

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Uma boa conversa, tão simples quanto encantadora, com desconhecidas, conseguiu me despertar um pouco do torpor no qual estava mergulhado nos últimos dias. Acredito que trate-se de um episódio misto, minha mente estava completamente enevoada ao passo que meu corpo experimentava certa inquietação e ansiedade, o que deve ser uma das definições não formais do inferno. Nos últimos dias não consegui nem mesmo pensar em todos os problemas que tenho em andamento e menos ainda nos novos que começam a aparecer. Não pensei em nada, apenas fitava o computador com jeito sério quando, na realidade, eu olhava um vídeo estático apenas prestando atenção numa longa playlist de MeloMance, e quase nada nesse dia me chamou atenção, só queria voltar pra casa e, com custo, não fui dormir imediatamente, querendo apenas e tão somente deixar de existir e voltar a mergulhar na inconsciência. 

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“Agora me causaste a primeira dor,
uma dor profunda.
Dormes, homem cruel e sem piedade,
o sono da morte.
Abandonada, olho em torno:
vazio o mundo.
Eu amei e vivi.
Agora, a vida me deixou
Recuo, entro em mim mesma.
Que tombe o véu.
Em mim tenho a ti
e a minha felicidade perdida.”

Schumann

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Tudo bem, já nem penso muito nisso também. Ele nada disse e eu nada perguntei, e talvez seja melhor assim. Todos sabemos que não estou com muito tempo para me preocupar com coisas, nem mesmo as do coração. Na verdade não tenho conseguido lidar com nenhuma questão. Consigo acompanhar com bastante atenção aos livros, aos personagens das séries... Mas quanto aos meus problemas, bem, esses eu não faço ideia nem de como vou começar. Na verdade não sei se vou, talvez só espere uma mudança no panorama geral, assim mesmo, sem pensar muito. Talvez seja isso que todos queriam não é? Me deixar num estado de torpor e me impedir de agir... De algum modo parece que essa era a vontade do mundo. 

Estou acordando depois de mais de oito horas de sono durante o dia, um dos poucos em que consigo descansar, e só consigo pensar no quanto isso é bom, no quanto o não viver é doce tanto mais se parece com a morte, com o não ser. 

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Será que as pessoas percebem e simplesmente fingem que não estão vendo? Assim como muitas vezes eu também finjo não ver e não perceber várias coisas, talvez elas façam o mesmo. Em alguns dias simplesmente bate a depressão, vem como um grande peso sobre minhas costas, e aí tudo desmorona. Como hoje de manhã eu acordo e, olhando a luz que entra pela janela, eu desejo só poder ficar ali, não para voltar a dormir, não estou falando de preguiça, mas de algum modo porque desejo me enfiar na cama e me fundir com ela, num desejo de me diluir no ser, de voltar ao nada, como costumo dizer. 

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"O meu estado não é o da infelicidade e tampouco o de felicidade, não é o da indiferença nem o da fraqueza, não é cansaço nem o interesse em outra coisa, mas o que é então?" (Franz Kafka)

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