Mais um. Vamos lá pra mais um dia. Quem me dera fosse o último. O que eu faria se fosse o último? Certamente não iria trabalhar, mas também não faria nada de muito extravagante. Acho que simplesmente ficaria em casa, ignoraria mensagens e, deitado, ouviria as minhas músicas favoritas. Com certeza teria Mahler, Tchaikovsky e aquela minha playlist especial. Faria isso acompanhado de um vinho e, depois, dormiria com uma boa dose de remédios. Sim, dormiria, não vejo qualquer razão para, no meu último dia, ter uma expectativa diferente dos demais. Não há palavras que eu gostaria de dizer, disse "eu te amo" vezes o suficiente para umas duas vidas, e nenhuma delas funcionou, então não há porque insistir nisso. Todas as vezes que disse "eu te amo" eu me passei por ridículo, e ouvi em resposta as desculpas mais bem elaboradas que podem todas ser traduzidas como "não te amo dessa forma". Tampouco haveria porque me despedir de alguém se, no fundo, eu não faria tanta diferença assim. Não seria um fim heróico, nada daquele drama que viveu Aquiles, longe disso, seria apenas um fim medíocre, digno de uma vida inteira vivida em plena mediocridade. Mas agora eu também não vou partir, não vou apenas dormir, e até assim será um sono mediocre.
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"O amor permanece numa pessoa; e quando tudo para ela se torna confuso, quando os pensamentos se erguem em acusação, quando as angústias levantam a cabeça em condenação, então, o amor intimida-os, dizendo-lhes: tende simplesmente paciência, eu fico convosco e testifico convosco, e o meu testemunho há-de, enfim, derrotar a confusão." (Soren Kierkegaard)
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