"Eu queria te chamar de meu amor, mas eu sei que você não gosta disso. Então qual palavra pode expressar o quanto eu estimo você? Talvez eu apenas substitua pelo seu nome. Meu amor é você então é a mesma coisa. Eu quero te chamar de amor, mas só seu nome agora deveria servir." (Keen Suvijak, Only Boo)
Vejo beleza nessas felicidades doces, quase infantis. Isso pode ser tomado como imaturidade ou pelo seu máximo contrário: pode ser aquele sinal de maturidade que vê o que realmente importa. De todo modo, se se trata de uma visão madura ou não, não faz diferença. O ponto é que vejo essa beleza no amor doce, fecho os olhos e ela é capaz de ser como uma pequena luz a brilhar pra mim, num horizonte distante, como um sol poente antes do meu adormecer profundo.
Me referia mais especificamente às músicas da trilha sonora de Only Boo, especialmente aqueles interpretadas pelo lindinho do Keen Suvijak. A figura dele, sua voz, seu sorriso, tudo isso se tornou como um porto seguro pra mim, um farol na escuridão. É leve, é doce, não é intelectualmente elevado, mas, na sua simplicidade, é capaz de me fazer ver a verdade que há na sinceridade de dizer o que sentimos, de modo simples, porque é verdade.
Vejo beleza em simplesmente dizer eu te amo, quantas vezes o coração pedir que o diga. Vejo beleza em sorrir como um bobo ao pensar em quem se ama. Vejo beleza em dar as mãos, em um abraço encorajador, em brincadeiras íntimas, em ficar sentado ao lado da pessoa enquanto observa os patinhos nadando num lago.
X
O clima de ansiedade tem tomado conta de todos ao meu redor. Além da minha eu ainda funciono como um tipo de esponja pra todos ao meu redor. É um inferno.
Queria dizer que o amo, de novo, mas ele não quer ouvir isso de mim.
Ele disse que o amor dele viajaria milhares de quilômetros até chegar aqui, no meu coração. É esse tipo de coisa que me deixa confuso. É esse tipo de declaração que me faz pensar que eu teria alguma chance.
Mas eu não teria. É apenas coisa da minha cabeça.
E então eu preciso voltar pro clima de ansiedade que tem dominado todos ao meu redor. Como uma esponja. Um inferno.
E eu só queria poder dizer que o amo, sem sentir culpa ou sem me sentir um idiota. Só queria que ele me amasse também, e ele diz que ama, mas eu não sei o que isso significa.
X
Acabei me acalmando. Entrando em um estado de escuridão profunda, na verdade. Aceitei o caos ao meu redor. Não há nada que eu possa fazer.
Quanto mais observo o mundo e as pessoas ao redor, mais me encho de desesperança, mais penso que nada disso vale essa existência miserável. Mais penso que essa vida já é por si um inferno, uma condenação por um pecado já não lembrado, um suplício eterno.
Acabei entrando também em silêncio profundo. Não quero nem mesmo ouvir a voz de ninguém hoje. Mas não será possível. Infelizmente. Nunca é possível nesse inferno de vida. Talvez o céu seja apenas o silêncio e a paz.
Acordei completamente contra minha vontade. Aquele som do despertador foi como um chicote estalando em minha pele e rasgando. Levantar foi um suplício tremendo, manter-me de pé tem sido um esforço contínuo em que todas minhas forças se concentram apenas em ficar acordado, contra todas essas mesmas forças que me clamam por descanso.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada."
(Fernando Pessoa)
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