"Eu era feliz sobretudo quando, na cama e envolvido no cobertor, sozinho, no mais perfeito isolamento, sem ninguém ao meu redor nem um único som de voz humana, começava a reconstruir a vida à minha maneira." (Fiódor Dostoiévski)
Como começar a dizer isso, enquanto observo o mundo ao meu redor desmoronar uma vez mais?
Essa semana será um inferno. Não há outra forma de descrever as torturas que vou sofrer. Quisera eu poder encontrar os tesouros divinos de que São Paulo da Cruz diz que Deus colocou no padecer. Infelizmente sou uma vergonha pra São Paulo, e também indigno da Cruz.
Cada pequeno detalhe ao meu redor tem dado errado. As economias de casa estão péssimas e, com a gravidez complicada da minha irmã e as dívidas de todos aumentando a cada mês, eu só me afundo mais e mais. As coisas vão estragando: notebook, celular, e eu vou adiando conserto de um em razão do outro. Já não consigo escrever em casa, mas também não tenho paz pra escrever no trabalho (aquele inferno). Me sinto sozinho, sem amigos, e sem dinheiro pra sair e beber e conhecer pessoas. Só posso gastar o pouco que me resta em remédio pra dormir e apagar. Vejo as relações familiares se desfazerem em problemas. Não me entenda errado: eu não estou tentando resolver tudo, pelo contrário, apenas assisto quieto e faço o pouco que posso. E isso é tudo.
Me sinto distante até de quem me sentia chegado, íntimo. As relações com o outro se me mostram agora misteriosas, impossíveis de serem compreendidas.
Me sinto longe do homem que amo. Mas meu coração se encontra vazio. Até aquele que eu, acreditava, poderia me fazer esquecê-lo, se foi, desapareceu da minha mente e, agora, quando o vejo de manhã ou nas fotos com a namorada, não sinto nada.
E o nada não é nada. O nada dói, é vazio e faz com que me sinta frágil, sem contornos, me expandindo e sumindo como fumaça que se dissipa. Ao fim resta uma criatura, um arremedo de ser humano que cumpre ordens, mas não uma pessoa. Estar vivo não significa viver.
Queria então dormir. Profundamente. Não ver e nem sentir nada. Queria dormir e não acordar mais. Mas apenas isso é suficiente para me fazer desejar o fim definitivo?
Isso é uma aglutinação de problemas. Minha mente instável, chefes idiotas, problemas pequenos, mas em frente número, metas irreais, pressão de muitos lados.
Profundamente.
Não ver e nem sentir nada.
Queria dormir e não acordar mais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário