"Ouça-me bem, amor
Preste atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos, tão mesquinho
Vai reduzir as ilusões a pó."
Alguns raios teimosos de sol atravessam a grossa camada de nuvens dessa manhã de Domingo. Acabei de ter a confirmação de que o evento de anúncio dos novos projetos da GMM TV vai acontecer num dia que não poderei folgar. A essa altura é impossível que me convençam que essa vida não é um inferno por si. As minhas séries são uma das poucas coisas com as quais eu realmente me importo e até isso vem sendo esmagado atualmente.
É uma miséria sem fim...
Okay, calma. Sei que isso pode demonstrar uma completa falta de senso da realidade, ou senso das proporções. Não poder acompanhar o anúncio dos lançamentos não significa que não vou acompanhar as séries, mas é algo que já faz parte de uma tradição pessoal minha, fazer apostas, vibrar com os lançamentos esperados e me surpreender com outros.
O que me leva para aquela coisa da qual já falei várias e várias vezes: a vida parece fazer questão de esmagar cada pequeno sonho de modo a não sobrar mais nada. O destino de todos os homens com o mínimo de despertar é sempre o desespero. Não é como se eu faltasse trabalho para ver séries. Eu só assisto nos poucos momentos que me resta alguma energia nesse corpo morto. Então, quando brevemente eu precisaria, ou gostaria, de ver algo relacionado, as únicas coisas que despertam em mim algum ânimo: a vida faz questão de destruir esse sonho.
Claro que não estou sendo fatalista no sentido de que algo realmente deseja que eu não veja, ainda defendo a indiferença do universo perante o homem, mas essa indiferença ainda nos coloca em situações assim. "Todo homem toma os limites de seu próprio campo de visão como os limites do mundo", dizia Schopenhauer.
De novo, não é um grande sonho, não é uma grande aspiração, não é uma ambição movida pela inveja ou ganância. Não sou um monstro, nesse sentido. Mas até essas pequenas coisas, a vida fez questão de pisar em cada uma delas. Triturar cada pequeno vislumbre de felicidade que possa existir.
Essa vida é uma desgraça sem fim.
O céu agora está estranho, a luz do sol se espalhou por trás da camada de nuvens, então não está nublado e nem claro, as nuvens bloqueiam o sol e brilham, mas sem que consigamos sentir o meio realmente iluminado. Tanto o sol quanto as nuvens tentam fazer algo simples: se estabelecer, e simplesmente não conseguem.
Mas também sei que é absolutamente inútil pensar nessas coisas. Elas são assim, e pronto. E hoje tem a estreia de uma série que esperei por muitos meses, a maior espera do semestre, e as expectativas estão bem altas, mas tenho certeza que nenhum tipo de entidade trabalhou para que eu estivesse em casa hoje para ver. As coisas são assim e pronto. A vida é uma desgraça e, de vez em quando, coisas boas acontecem, apenas isso.
E então, de repente é fim de tarde de um domingo, o mais miserável dos dias da semana, e eu começo a ter uma crise de ansiedade por conta do trabalho acumulado nos dias em que estive de atestado, por causa de uma crise de ansiedade. E assim dou início a mais um ciclo infernal da minha vida. Isso me faz perceber o quanto eu estou fundamentalmente quebrado.
Foi-se a tarde e lá vem a noite. Quarto dia.
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