quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Com carinho, Biel

Minha mente não quer se concentrar em nada. Passei o dia inteiro procrastinando em meio ao caos, sem conseguir fazer isso ou aquilo direito. Passei o dia buscando alguma coisa, procurando um sentido, uma razão, algo que me prendesse a atenção e nada, nada fez com que eu conseguisse pensar numa só coisa por mais de alguns minutos. 

Como resultado: fiquei impaciente. E quando isso acontece, eu acabo descontando em quem mais amo. Minha mãe não merece a forma como eu a trato. Ela mesmo cansada, com fortes dores, ainda faz o que pode pra me ajudar. Costura o que eu preciso, se preocupa com minha alimentação, lava e guarda minhas roupas... E eu, como um inválido de corpo perfeito mas de mente destruída assisto a tudo isso como se não tivesse nada a ver comigo. 

Eu sou um lixo. Não mereço as pessoas que me cercam. Não mereço um pai que tanto se esforça pra me dar tudo que preciso, não mereço os amigos que largam tudo pra ficar ao meu lado quando num surto eu penso em tirar a vida, não mereço a mãe carinhosa que pensa em mais do que pensa em si mesma. Não mereço nenhum deles.

Isso me destrói. Eu queria ser bom pra eles também. Queria saber e poder fazer mais do que o nada que faço. Mas eu não consigo, estou paralisado antes meus próprios medos, esmagado pelos minhas paixões, acorrentado em minha própria casca de  existência patética. Eu sou um peso morto, pra todos eles. E seria ainda melhor se estivesse de fato morto. Mas não o faço, e não o farei, pois sei que seria apenas mais um incômodo, a minha morte não traria nada de bom a eles, que tanto fizeram por mim. 

Mas eu gostaria que cada um deles soubesse, que se hoje estou aqui, e que se ainda sou capaz de acordar a cada manhã e sorrir, é porque cada um deles está ao meu lado! Se ainda consigo ficar de pé e cantar, ou cerimoniar uma Missa, é porque eles não me deixaram desistir. São aquela luz no fim do túnel, quando tudo parece escuro e frio. São o sorriso em meios as lágrimas. São a cor em meio ao arco-íris cinza. Eles são presença de Deus na minha vida, são um presente que nunca poderei pagar senão com meu mais puro e genuíno abraço eterno. Todas as vezes que eu achava que nada mais podia dar certo, vocês me mostravam que já tinha dado certo, vocês estavam comigo, e eu os amo infinitamente por isso!

Muito obrigado Mãe, muito obrigado Pai, muito obrigado família Kadosh/Bellfa! 

Com carinho, Biel. 

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