segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Contato

Eu não sei como deveria me sentir. Acredito que tenha alcançado algumas conquistas, ou no mínimo pude dizer algumas coisas que há muito me sufocavam. 

Nós conversamos, eu e ele, por algumas horas e eu tentei dizer tudo aquilo que mais pesava dentro de mim. Esclareci o meu sentimento conturbado e obsessivo, disse como me sentia quando ele parecia procurar outras pessoas ao invés de mim, quando parecia preferir a companhia de outros amigos. Disse o quanto aquela noite meses atrás, em que chorei em seus braços mas ainda assim ele só consegui falar dela, foi dolorosa, e como aquela ferida aberta parece que nunca irá cicatrizar. 

Ele disse que me tem em alta conta. Disse que tenho um lugar especial na sua vida. Disse que sou um de seus melhores amigos. E senti sinceridade em sua voz. Mas algo em mim ainda acha insuficiente. Disse que não sabia como me ajudar, mas que ainda se preocupava, e que minha cegueira não me deixava perceber. 

Ele me ouviu. Não me julgou. Me apoiou. Mas não creio que ele tenha me entendido, afinal as minhas palavras são incapazes de expressar a força do meu próprio sentimento. E foi isso, eu disse o que meu coração queria dizer, e ele me ouviu pacientemente, mas não me compreendeu. Pensava que talvez o meu sangue derramado o fizesse entender, mas parece que me enganei nisso também. 

Tenho consciência que a maior parte das coisas que me deixam triste só acontecem na minha cabeça. Mas também sou capaz de ver que muitas das coisas que me cortam e me machucam também são reais. 

Me sinto leve por ter esclarecido algumas coisas. Isso me fez bem, desobstruiu alguns canais que me paralisavam. Mas também me sinto triste pela verdade, que não pode ser mudada pela força das minhas palavras, ou do meu sangue. Me sinto um pouco mais tranquilo, bem menos angustiado, mas igualmente vazio. Eu não sei como deveria me sentir. 

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