domingo, 4 de novembro de 2018

A morte do Sol

A tarde de domingo é ensolarada, mas a brisa fria da chuva ainda paira no ar, pesado pela umidade, deixando tudo com um aspecto brilhante, meio nostálgico até. Os pássaros cantam no meu quintal, e me lembro de que foi a primeira coisa que ouvi nessa manhã, quando acordei ainda meio atrapalhado pela mudança do horário de verão.

É com um grande esforço que eu tento escrever algo, pois sinto dor. Meu corpo todo dói. Há dois dias que não consigo comer praticamente nada, e há dois que meu corpo corpo experimenta a tensão pavorosa de uma violentíssima crise. A ansiedade que busquei evitar durante toda a semana que se passou me atacou brutalmente na sexta pela manhã, e desde então me deixou completa e absolutamente debilitado. 

Chorando pelos cantos, tremendo, sem conseguir sequer tomar água, e perdido, perdido no mundo, nas músicas e na minha cabeça. Fui levado pela maré, não sabia onde meus pés pisavam, não sabia o que devia fazer nem o que dizer, apenas continuei existindo, enquanto em meu coração estava sendo mantido como refém, de horrorosos pesadelos que, no entanto, estavam acontecendo bem ante meu olhos.

Gostaria de dizer que, como o sol que aparece depois da tempestade, eu também vou voltar a sorrir de verdade quando tudo isso acabar, mas não posso dizê-lo. Com efeito, chego a me perguntar se isso terá um fim, ou se o fim será o meu... Acho que meu sol nunca mais voltará a brilhar.

Meu corpo está fraco, depois de dias sem comer ou beber, mas minha mente, bom, essa está completamente destruída. Não sinto em mim vestígios de uma resistência, ou de possibilidade de sobrevivência, sinto apenas que minha mente se foi, deixando para trás uma casca vazia e sem vida. 

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