segunda-feira, 23 de setembro de 2019

A ilusão do amor

O amor não existe. É coisa de filme ou livro. É coisa de quem quer vender história para homens que desejam esse amor. Para homens conscientes do vazio de sua existência e que pretendem preencher esse vazio.

Nos seduzem com uma promessa de companhia, de carinho, de conexões físicas e emocionais. Nos ludibriam com amores doces, com casais declarando seu amor incondicional com presentes e atos de afeto heroico. Nos enganam com beijos apaixonados, olhares afetados e grandes provas de amor. Tudo uma grande mentira encenada, contada, cantada, inventada. 

O amor é um desejo criado para sustentar uma indústria que move milhões. É sustentado pela desesperança de pobres coitados que, como eu, procuram encontrar no amor a resposta para sua existência patética quando, na verdade, não encontrarão mais do que a própria destruição. E o que dizem aqueles que nos venderam nada mais do que decepção? Não era amor verdadeiro! 

Não basta ser amor, tem se ser verdadeiro, incondicional, impossível. Querem nos fazer continuar perseguindo o amor mesmo depois das desilusões, mesmo depois das mais terríveis destruições. 

Essa coisa de amor não existe. É a maior mentira criada pra iludir os corações temerosos da solidão. É uma farsa de proporções faraônicas para impedir os homens de enxergar o vazio da existência humana.  Uma grande ilusão coletiva em que todos se recusam a olhar a realidade sangrenta e brutal de suas vidas para ver a pintura idílica dos apaixonados pendurada numa galeria ou na cena de um lakorn clichê, que termina com um beijo amoroso.

Ilusão.

E aqueles que já foram seduzidos pelo seu canto? E quanto a aqueles que já se acorrentaram no fio vermelho do destino? Aquele que fio que não se rompe, mas se embaralha de tal modo que praticamente destrói enforcando  aqueles que foram por ele amarrados?

Não existe fio do amor. Existe um nó apertado sob seu pescoço,que aguarda pacientemente o momento certo de tirar-nos a vida. Não existe amor. Não existe amizade, é tudo ilusão. Não existem amigos verdadeiros. Existe interesse. E interesses são passageiros, fugazes como o piscar de olhos. Não amamos verdadeiramente. Isso não existe. Apenas desejamos preencher de algum modo o vácuo existencial que há no âmago do coração de cada um de nós. Não há como explodir as mentes de todos para preencher esse vazio. Cabe-nos aceitar a desgraça da verdade de nossa existência solitária e nos contentar com as poucas experiências capazes de nos tirar do desespero que é encontrar a si mesmo na solidão escura. 

Estamos sozinhos. É isto.

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