sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Desilusão

Queria ser como os outros, que me cercam, que levantam cedo para enfrentar as dificuldades do dia, suportam o calor escaldante, aguentam os desaforos, usam seus músculos e ainda voltam para casa ao anoitecer, com energia para aproveitar a vida. Eu não consigo. Estou sempre cansado demais para fazer qualquer coisa além da minha mais estrita obrigação. 

Levantar cedo já uma dificuldade diária, e o meu corpo protesta a cada manhã. Trabalhar, de pé e falando alto sobre assuntos desinteressantes é um estorvo para o meu cérebro que se esgota ao fim de cada manhã para continuar lidando com os problemas do resto do dia, onde apenas me ocupo de receber passivamente algum tipo de conhecimento. 

Não tenho forças para me divertir. Invejo meus pais que, apesar do cansaço hercúleo e aparente não desistem da vida. Eu, por outro lado, vivo pois sou obrigado a isto. Não há nenhuma força interior que me faça querer ou ter gosto em viver. Até mesmo escrever essas palavras é para mim um esforço incômodo, tanto seria melhor continuar deitado, atônito a contemplar o teto branco de meu quarto, esperando a morte chegar. 

Isso porque não há mais brilho no meu olhar, aquela luzinha interior se apagou. Restou apenas uma casca, que continua vivendo, a contragosto, essa vida de sabores insossos, Vida sem graça, sem brilho. 

De onde as pessoas tiram razão para viver? Eu já procurei em todos os lugares e não encontrei nada que valesse de fato a pena de ser. Existir é um fardo, um fardo pesado demais para mim. Não sou como os outros que abraçam de bom grado suas existências e tentam dar o melhor com o que tem, se esforçando até o limite de cada um de seus músculos enquanto eu, apenas espero pacientemente a hora que chegue meu fim.  

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