terça-feira, 10 de setembro de 2019

Incompreensões

Peso. O fardo de ser alguém que não se é. O fardo de ainda não ter descoberto quem se é verdade e o que se deseja dessa vida. É um fardo, um desespero como diria Kierkegaard, descobrir e individuar-se. É uma dor. Pois é nessa dor que aos poucos vou descobrindo que sou, num processo de individuação. Na comparação com o outro, na diferenciação, no confronto, no criar laços com aqueles que me cercam. 

É de fato um peso enorme, sufocante, sentir que acordo todos os dias e que vivo uma vida que não me pertence, que não responde aos meus anseios. Me sinto numa vida baixa, sem as grandes questões as quais aspiro entender. Me sinto sozinho e perdido num mundo que não entendo e que não consegue me entender. 

Mas o que mais posso fazer para minha individuação? O que mais posso fazer para ser eu e não esse simulacro de eu, esse eu falso? 

Me sinto não mais do que uma boneca de trapos, sem voz, sem personalidade, sem saber quem sou, sem eu. Isso é dolorido. Ao meu redor as pessoas não parecem preocupadas com isso, estão todas seguras de si, sabem quem são, o que querem, compreendem onde estão... Mas eu não, eu estou perdido num oceano de contradições impetuosas que me volvem de um lado ao outro num ciclone de impiedosas incompreensões. 

Me sinto preso num corpo que não é meu. Vivendo uma vida que não é minha. Uma existência opaca, triste, vazia. O que eu quero de verdade? O que eu desejo no íntimo do meu coração, tão no fundo que nem eu mesmo sei o que é? 

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