segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Suplício

Já se sentiu como se estivesse no lugar errado, na hora errada, do jeito errado, vivendo a vida de maneira errada? 

É assim que me sinto, a cada minuto, de cada dia. É como se não fosse esse meu lugar, como se não pertencesse a esse mundo, como se não conseguisse me encaixar de jeito nenhum em canto algum deste mundo. Me sinto um E.T, um deslocado. E assim sou obrigado a viver, continuamente, como se não estivesse incomodado com isso a todo momento. 

Eu olho para as pessoas que me cercam, conhecidos, amigos, família, e não entendo quem são, não entendo o que querem, não consigo me conectar de verdade com nenhum deles. E parece que estão todos de algum modo conectados. Eu sou um pária. 

É um suplício fingir estar contente, fingir estar desesperado por não saber quem sou de verdade, por não saber qual meu lugar no mundo, por não entender como e nem o motivo de me sentir assim. É um suplício fingir que eu não quero sair correndo, gritando em desespero ensandecido.  

A sensação que tenho, e que pode muito bem estar errada, é a de que aspiro coisas mais altas do que o mundo que me cerca pode me dar. Nada pode me encantar na terra, já dizia Santa Terezinha, e faço das dela as minhas palavras. Nada pode me encantar, nada me desperta, vivo com o mesmo sem vontade com que o rasguei o ventre de minha mãe. E minha glória é esta, pensar nestas questões enquanto todos se divertem e vivem suas vidas sem com elas se preocupar. 

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