quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

Do mesmo

Autoconhecimento é, ao mesmo tempo, um grande passo rumo a caminhos mais elevados e uma constante fonte de preocupações. É impossível voltar o olhar para si mesmo e não perceber o quanto somos falhos e o quanto ainda precisamos melhorar. Percebo isso desde uma conversa casual com  minha mãe até mesmo em exames mais profundos sobre as minhas atitudes e a minha forma de contemplar o belo, de buscar o que é bom, justo e verdadeiro. 

Quantas pequenas imperfeições que, ao fim das contas, deixam o todo com aparência desfigurada? O meu ser se encontra deformado pelas pequenas falhas que eu vinha ignorando e que, somadas, se mostraram grandes falhas. 

Fiquei na cama um dia por não me sentir bem, e adiei o que precisava fazer por um tempo, meses depois eu vejo que isso me dominou e hoje eu já não consigo mais me levantar sozinho. Talvez se tivesse insistido um pouco lá atrás hoje eu não estaria assim tão debilitado. 

E minha forma de amar? O conceito que tenho de amor, aprendido nas histórias que me dão o sentido da possibilidade humana me ensinou o que é o amor de forma correta? Eu sinto que sou capaz de amar, mas tenho medo de que o que sinta não seja amor e somente egoísmo, que eu apenas esteja num culto de mim mesmo. 

Essas histórias me ensinam o que é o amor? Parece-me que sim, mas eu tenho medo, parecendo que a semente da dúvida foi plantada no meu coração. 

Mas esse é o único amor que eu conheço, esse que chega de repente, sem interesse, a arrebata o ser por completo. O amor que não se explica, que vem de onde menos esperamos, esse amor é o amor que vem do nada e de repente se torna tudo. 

Quero ser capaz de amar, apenas isso, e progredir no amor, progredir melhorando a cada dia, e que esse amor seja genuíno, que não seja um arremedo, que não me deixe cair na mentira e nem que me faça me perder em mim mesmo. 

Nisso também vejo o quanto preciso melhorar, o quanto preciso me doar mais ao amor, o quanto ainda tenho de percorrer nessa longa estrada. 

Ainda há muito a se fazer. Muito a melhorar, um longo caminho a aperfeiçoar cada passo. Isso me assusta ao mesmo tempo que me impele a desejar o maior e melhor. Eu não quero e não posso ficar apenas na superficialidade de um amor que se contenta com qualquer coisa, eu quero intimidade, quero verdade, quero encontro da alma com o amado e a transformação que vem desse encontro. Eu não quero mais ser o mesmo. 

Eu quero amar, mas não amar no sentido comum do termo, não quero esse amor que apenas pinta-se nas postagens da internet nos bons momentos e que logo depois arrefece, não, eu quero um amor de verdade, presente na clareza dos dias felizes e nas trevas da noite escura, tanto no mar quanto no deserto, eu quero amar e ser amado sem barreiras, sem limites, eu quero conhecer o amor de verdade, aquele que habita no profundo do jardim cercado, que repousa no infinito, sendo, ele próprio, infinito.

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