sexta-feira, 15 de julho de 2016

Ao te dizer adeus...

"Se tem que ser, assim será; 
As lembraças dos momentos vão ficar, e o coração jamais esquecerá..."

Sim, essa letra é de uma música que tocou em Pokémon. Não, não acho que tenha música melhor pra expressar o que eu estou sentindo no momento.

O post de hoje provavelmente vai acabar incompleto porque sinceramente eu não sei se vou ter cabeça pra escrever tudo. E também tomei um Lexotan e mais 3 calmantes que é pra ver se a bad bate menos hoje. Claro, meio tarde pra fazer isso quando ela praticamente já me deixou nocauteado nessa noite quente de sexta.

Dito isso, vamos ao enterro: 

Creio que hoje tenha sido o final desta que um dia eu considerei como a maior das minhas amizades. Não carece de escrever aqui novamente toda a história pois já o fiz diversas vezes. A mais recente num dos posts "Das Cartas que Nuncas Serão Enviadas" e naquele em que falei dos "Dois Leões". Vou apenas recordar que esse fato se deu com aquele jovem de pele cor de mel e olhos profundos que conheci 4 anos atrás num ensaio do Coral, que depois tornou-se meu amigo e pra quem anos mais tarde eu resolvi finalmente dizer que estava apaixonado por ele. 

Já disse também nos pots anteriores que ele havia se afastado de mim, e que fomos obrigados a nos reencontrar. Na ocasião falei ainda da vontade que tinha dentro de mim de esquecer o passado e recomeçar uma história de amizade. Mas acredito que aquele leão que outrora lutava para não ser morto e continuar a viver por essa mesma amizade acaba de ser abatido da forma mais vil, cruel e brutal de todas.

Fui bloqueado nas redes sociais e quando consegui contato naquela que restou, além de ter sido tratado com extrema frieza, digna de dar inveja ao maior dos blocos de gelo do Mar da Sibéria, recebi o golpe fatal do aguilhão da morte dessa amizade. Com todas as letras me disse que não queria mais saber de minha presença, e que seria melhor pra nós que nunca mais nos falássemos. 

Assenti, apenas dizendo que não mais o forçaria ao desprazer de minha presença e me fui. E agora, aqui, nas páginas deste meu grande amigo e confidente, venho declarar que, por mais que me custe minha própria felicidade e por amor de tudo aquilo que há de bom e puro nesse universo renegado, eu acabar com esse sentimento que existe dentro de mim. Acabar. Com todas as letras, semelhantes aquelas que compunham as palavras que me cortaram como uma navalha. 

Minhas mãos tremeram, meus pés cederam, meus pulmões falharam. Por um momento achei que todo o mundo havia parado e que até mesmo a gravidade havia cessado, e que em todo o mundo existiam apenas dois pólos extremos: o de meu amor alucinado de um lado, e o de seu ódio enfurecido do outro. E o ódio venceu. Pude sentir como se seus olhos claros se transformassem em brasas incandescentes e assim como as chamas do inferno transformaram o meu mundo em cinzas. 

"Oh, dia de ira, aquele dia, volverá o mundo em cinza fria..." Assim canta a Sequência da Missa Per Requiem, e assim como aquele homem geme tal qual réu abandonado, eu permiti que as lágrimas corressem soltas em direção ao chão, levantando ainda a fina poeira das chamas que se foram, e cedendo os membros inferiore, prostrado eu me pergunto "E eu pobre que farei, que patrono invocarei?"

Mas assim como o dia da Ira é necessário para o alvorecer de um novo dia, o dia eterno da plena visão, esse episódio final também é necessário para o nascimento de uma nova realidade. 

Essa dor há de passar. Os homens constantemente sobrevivem a dores ainda piores. O que é a perda de um grande amor juvenil senão um prelúdio necessário ao amadurecimento e ao crescimento?

Não o maldirei. Não o amaldiçoarei. Mas também não tornarei a rastejar aos seus pés. Apenas observarei de longe, e assim como o Príncipe Desconhecido cantou em seu coração ao ver a bela Princesa Turandot, também eu silenciosamente, continuarei a dizer "Ó divina beleza, ó maravilha, ó sonho, ó divina beleza, ó maravilha!" E da mesma forma como a Princesa de Gelo era inalcançavel a todos, eu também serei apenas aquele Príncipe Desconhecido, em meio a multidão, que se inebria com o seu perfume que penetra o ar e a alma. 

Oh alma, oh pobre alma desgraçada. Destes amor e o que recebestes em troca?  Que isso lhe sirva de lição, para não mais entregar a ermo seu coração. Que isso lhe sirva de profunda lição. Que entenda que por ninguém vale tão grande humilhação. 

Assim fez comigo o destino. Mais uma vez riram de mim o Destino e a Deusa da Sorte. Mais uma fui lançado a roda da tortura e mais uma vez o meu sofrimento serviu de deleite para as criaturas malignas que me circundaram e me entregaram a tal desvario. Do alto do trono de ouro do panteão dos deuses agora riem-se de mim, e eu me junto aquela multidão de amaldiçoados que, após verem o fim de sua Primo Vere, embarcaram In Taberna, rumo a tão sonhada Corte dos Amores, dando continuidade a roda da fortuna. Dando continuidade ao ciclo de brincadeiras do destino, que goza ao notar estes e aqueles cairem perante seus fios, controlando aos homens como marionetes. Brinquedos bobos que fazem as vontades daquele que os controla e que depois é apenas descartado ao canto, em meio às cordas embaraçadas.

Espero ter me medicado a tempo suficiente de impedir que meu sangue carmesim se modifique completamente, pois acho que nem mesmo poderei sobreviver ao veneno mortal que vem fervendo em ebulição dentro de mim. Penso eu que poderia cometer irremediáveis burrices se não me contivesse a tempo. 

Quanto exagero por apenas um esperado fora não? No entanto, o problema é ainda mais profundo. Uma amizade que definhava nos leitos de um precário hosítal acaba de ser sacrificada na mesa de cirurgia por uma ávido e sedento assassino, que invadira a sala e massacrando a equipe, se delicia ao sentir suas láminas rasgarem a delicada carna da vítima. 

Ah a carne. Essa natureza fraca e débil que insiste em machucar a si mesma numa ânsia masoquista interminável. Essa carne agora apodrece ao relento dos sonhos que deixarm de existir. Não mais voltará a correr, não mais voltará a ter vida. Seu único destino é o de ser devorada pelos animais carniceiros que circundam o terreno baldio em que fora abandonado. 

Abandono. Palavra que transmite mais frieza que o próprio gelo, e assim como o gelo, também queima se por muito tempo fica em contato com a pele. E mais uma vez passamos ao fogo. O gelo pode queimar como o fogo mas não transforma a matéria em cinza. O fogo consome, destrói, aniquila completamente, reduz toda a forma e toda a criação à cinzas. Quisera eu pedir que os mares subissem e se tornassem meu escudo, que os raios descessem se tornassem minhas lanças, assim poderia tentar me defender. Mas enfrentei as chamas sozinho, sem uma armadura de ouro forjada no calor do próprio astro reu para me defender. E como não poderia deixar de acontecer, fui reduzido à cinzas como toda a criação. 

Volto a pensar no Destino. Esse que me veio como um tsunami, destruindo as cidades interiores que por anos me dediquei a construir, e que mais vez me fez o favor de me recordar que nada sou, e que nenhum poder tenho sobre a terra ou o céu. Apenas me resta aquela Tentação Proibida, aquele feixe de flores que escondem em seus espinhos um veneno mortal. E o Destino é o verdadeiro responsável por cultivar esse jardim da morte por onde passei, e onde me arranhei, sendo penetrado pelo veneno mortal ao passo que me inebriava com o doce aroma das rosas, o doce embuste da morte. 

Por fim, volto à canção do início para dizer a dor que jaz adormecida em mim, cujas cicatrizes demoraram a se curar, ou posssivelmente se verão pra sempre marcadas em minh'alma, onde perpetuamente cantarei:

"Me dói demais...
Meu coração vai sofrer,  quando eu olhar nos olhos teus
Sim, vou chorar...
Ao te dizer adeus!"

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