terça-feira, 26 de julho de 2016

Do cansaço de todo dia

Parece que a atidez continua a me perseguir... ando estranhamente cansado (fisicamente) nos últimos dias e acho que isso tem se refletido no meu psicólogico. E o psicológico também não está lá essas coisas, mas acho que o físico tem se sobressaido dessa vez. Acho que preciso de dar uma repaginada nos horários... dormir entre 1h e 3h da manhã e acordar por volta do meio dia não é a rotina mais saudável a se seguir. Não que eu seja uma pessoa saudável ou tenha a pretensão de ser, mas também não posso passar pela vida dormindo mal e comendo pior ainda.

Ah... passar pela vida. Hoje cheguei a conclusão de que meu objetivo na vida é achar um lugar pra sentar porque olha, não tem sido fácil. Mas penso que quando as aulas da pós graduação começarem isso mude, pois ai eu realmente vou ter de cumprir uma rotina mais correta pra conseguir dar conta do fluxo de matérias de forma decente. 

No mais, tirando as traumatizantes aulas de direção que continuam me tirando a paciência, tudo corre tranquilamente... mas, assim como um rio também pode correr silenciosamente até suas águas se precipitarem cachoeira abaixo, eu aprendi a não me conformar muito com isso. E esse estado de privação dos sentido tem acabado comigo. Me sinto vazio, seco. Penso até que estou só a experimentar a minha real essência, e que os meses que se passaram na verdade foram só uma onda criativa que me presenteou com algumas poucas palavras acertadas. Claro, algumas imagens metais tem se formado aqui e ali, mas só são devaneios rápidos, lapsos de pensamentos que até poderiam render algo mais, mas que não consigo aprofundar. Então, tenho me esforçado ao máximo pra extrair algo de minha mente retraída. 

Há alguns minutos mesmo, me passou a mente aquela imagem sobre a qual escrevi muitas semanas atrás no post sobre Um Martini com Coleman Hawkins e que me foi muito agradável. Particularmente gosto muito de simplesmente apreciar uma boa bebida enquanto aprecio uma boa música. Vario muito em ambos. Hoje no caso, estou a encher minhas veias com o açúcar de um guaraná Jesus (meu refrigerante favorito aliás, deixo claro) e alguns albuns da Crystal Kay que baixei na noite passada. Baita arrependimento aliás, ter esperado tanto assim pra ouvir a discografia completa dessa que eu considero uma das vozes mais belas que já tive o prazer de apreciar. 

Penso ser esse sempre um bom exercício, depois de um dia cansativo, e espero conseguir levá-lo comigo por um bom tempo. Ao invés das muitas informações ultracoloridas e bagunçadas que as redes sociais nos oferecem, uma música e algo pra divertir o paladar continuam sendo uma alternativa bem mais prazerosa. Acredito ainda que o poder terapêutico da musica tenha seus efeitos ampliados quando apreciada corretamente, dessa forma. O mesmo serve para o paladar. Estamos sempre tão apressados e afoitos correndo pela vida que não sabemos dar um tempo e respirar. E nem nos damos conta que a rotina, se não administrada corretamente, pode ser um terrível dreno de toda e qualquer disposição. Logo nos tornamos pessoas tristes, vazias e completamente estressadas com a vida. 

Levantamos cedo, nos arrumamos rapidamente porque já explodimos a quantidade de sono que poderíamos ter. Trabalhamos e/ou estudamos durante todo o dia até a exaustão. Voltamos para casa em tranportes públicos quentes, apertados e bem mal frequentados ou encaramos um trânsito lento e igualmente extressante enquando nos ensurdecemos com o som dos carros. Chegamos em casa cansados, preparamos algo rápido pra comer e o fazemos as pressas. Tomamos banho pra tirar o suor do corpo e sentamos na sala pra esperar o sono bater e urrar por entre as vinhetas das novelas, enquando nos dedicamos a olhar as redes sociais até a exaustão. Quando temos um fim de semana pra descansar ou feriado prolongado, logo nos impomos uma série de limites ao lazer pra impedirem o nosso cansaço, a fim de termos mais disposição pra trabalhar no dia seguinte. E não a temos. A disposição não vem, e sabe o motivo? 

O viver a vida está no ordinário do cotidiano. Está no fazer as pequenas coisas concentrando nelas a atenção devida e assim extrair dela o que há de melhor. Por exemplo, um simples banho depois de um dia puxado pode simplesmente relaxar mais do que qualquer fim de semana. Mas não damos atenção a ele pois nossa mente ainda está mil pensando no que há pra fazer, nas contas há se pagar e no descanso que nunca chega. Esquecemos de fechar os olhos por alguns instantes e sentir a água quente cair em nossas costas, lavando não só o corpo mas também a alma. 

Deveríamos comer com mais calma e ter mais atenção no que e como comemos. Não digo que deveriamos dar lugar a uma dieta exclusivamente saudável, cheia de folhas e fibras até porque eu detesto comer mato. Mas sim que deveriamos priorizar o prazer desse momento, ao invés de comer apenas por estar com fome. Apreciar com cuidado o sabor, as texturas e o perfume que vem dos alimentos. 

O mesmo digo do nosso momento de descanso. O mesmo deveria ter um ritual, pois é nosso momento mais pessoal. Uma boa musica, um ambiente limpo, perfumado, agradável e aconchegante. Pequenas coisas que fazem toda a diferença. Deitar e ouvir uma boa música acompanhada de um vinho antes de dormir pode ser muito mais relaxante do que simplesmente se jogar na cama ou no sofá e se entregar a exaustão.

Por fim, acredito que deveríamos filtrar mais as muitas informações que o mundo nos obriga a processar diariamente. Exercitar-se para esquecer o trivial e dispensável e apenas permanecer com o que nos faz bem também pode ser uma boa pedida. O ponto principal é aprender a abstrair do mundo o que ele nos oferece de melhor, e não deixar que a rotina do cotidiano nos esmague. Porque ela o fará. Tão logo a gente se esqueça do que é realmente importante, seremos pessoas andando por ai e trabalhando diariamente vivendo apenas no famoso modo automático, que drena nossas forças de forma absurda e ainda nos impede de adquirir novas. Claro, não me atrevo a dizer que isso funciona pra todos, mas é como eu tento viver. Quando se tem um corpo frágil e delicado, assolado por várias doenças e um tratamento farmacêutico permanente que suga todas as forças na esperança de apenas me manter vivo, é isso que se aprende, a apreciar as pequenas coisas do dia a dia. 

Nossos sentimento merecem aqui um destaque especial. Muitas vezes damos as nossas vidas pessoais apenas o 2° plano, em detrimento da horrível mania que adquirimos de trabalhar pra pagar contas, ao invés de viver também no trabalho. Claro, fazer isso sendo obrigado é extremamente chato, mas não deveria ser. Os negócios teriam bem mais progresso se os funcionários executassem seu serviço de bom grado, ao invés da infelicidade generalizada que assola nossa população. E acho que parte desse quadro lamentável se deve a essa prática desumana que é esquecer a vida em função de um não sei quem que paga o meu salário. Falar isso é fácil quando se é sustentado pelos pais e nunca trabalhou de fato num serviço fisicamente exigente. Mas o que vejo enquanto caminho pelas ruas são pessoas que se esqueceram de amar, e o que pode ser ainda pior, esqueceram de se amar. Destruiram suas vidas tentando conquistador algo, e nas poucas vezes que alguém consegue conquistar algo, simplesmente não vive o suficiente pra aproveitar. 

Temos de viver o hoje, o agora, com a máxima intensidade possível. Que se dane se no dia seguinte a ressaca se prender a nossa roupa, ou se o sono atrasar nossa resposta motora, se na noite anterior eu pude ser feliz isso é o que importa. Não podemos permitir que o mundo sugue nossa vida enquanto tentamos justamente conseguir viver. Não faz sentido. 

O amor, a amizade, devem ser cultivados no centro de nossas preocupações. Ora, de que vale matar-se de trabalhar e estudar pra se ter um grande futuro, se quando esse futuro chegar eu vou estar triste demais por não ter vivido e nem sequer vou conseguir começar a viver porque ainda tem mais coisa a se conquistar? E quando eu finalmente estiver satisfeito com as minhas conquistas, já é hora de passar deste mundo para a eternidade e eu não pude apreciar de nada os frutos do meu esforço? 

Lógico, ainda muito novo pra finalizar algo complexo como esse assunto, mas por hora, são as impressões que tenho de um mundo que tem pressa pra ganhar dinheiro, mas que não tem pressa de viver a vida que passa bem em frente aos nossos olhos.

Por uma vida com mais vinho, com mais musica, e com mais amor, por favor!

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