quinta-feira, 28 de julho de 2016

Inspiração

E a busca pela inspiração para a obra perfeita continua...

Antes de mais nada, eu estou impressionado comigo mesmo e essa minha capacidade de romantizar e poetisar todas as coias. Algo de muito belo tem acontecido dentro de mim e não sei bem como lidar com isso. O fato é que, não consigo mais ver o mundo com a simplicidade de antes e agora eu vejo uma poesia, ou uma linda melodia a cada esquina.

Isso não se deve a um acontecimento especial, e por mais que pareça, também não se deve à uma pessoa especial. Não. O que está acontecendo comigo é algo ainda mais profundo. Trata-se do tipo mais profundo de transformação que uma pessoa pode sofrer: uma mudança na percepção da vida. Minha forma de enxegar as coisas está mudando, e espero que essa mudança continue a acontecer por muito tempo.

Recentemente eu aprendi que a forma como observamos as coisas quase nunca é a forma real das mesmas. Claro, como disse Freud, as vezes um charuto é só um charuto, mas dificilmente a forma de encarar esse charuto será a mesma pra sempre. Acho fantástico ver como as minhas percepções mudaram, e estão a mudar, nos últimos tempos. Conversando com pessoas que achei que nunca conversaria, e gostando do conteúdo que elas me oferecem. Ouvindo músicas que nunca achei que iria gostar e lendo coisas que nunca atrairam minha atenção até então.

Penso que a acertiva de ser uma "metamorfose ambulante" se aplica muito bem aqui. Irônico lembrar ainda, que na minha tenra infãncia, "metamorfose" foi minha palavra favorita. Depois passou a ser "cornucópia", "melífluo", "orgia" dentre outras... hoje, creio que minha palavra favorita seja "Rosa" (a flor, não a cor). Pois essa tem sido minha fonte de inspiração mais profunda. Ao lado da música, claro, minha eterna companheira. Me pergunto se seria capaz de escrever uma linha sequer em completo silêncio, sem a companhia calorosa dessa ninfa que domina meu coração. 

A inspiração se faz então como um motor. Alguns dias ela me impulsiona de tal modo que em poucos minutos consigo dar conta de um grande volume de postagens e atividades. Em outros momentos, fico pensando e pensando por um longo. Troco a música, fico dando perdido no Facebook e respondendo o WhatsApp até conseguir algma coisa. E é interessante notar como a inspiração também é orgânica. Digo, se fosse sempre fácil demais, eu não daria valor. 

E assim também acontece em muitos campos de nossa vida. Infelizmente só damos valor aquilo que perdemos. A forma de se valorizar então uma coisa, ou uma pessoa, é lutando por ela. O mesmo vale para a Inspiração. Já que aqui ela se mostra como uma bela e formosa dama, mas que por timidez, deve ser cortejada corretamente para que dê ao mundo o ar de sua presença. Ela também pode ser chamada de Motivação. Pois dá ao mundo o movimento. Nem sempre sua presença é percebida e notada, e quase sempre é difícil encontrá-la por vontade própria. Ou seja, mesmo exigindo um esforço de nossa parte, a inspiração vem naturalmente, sem depender necessariamente do nosso esforço e de nossas potências. 

Ela no entanto, quer ser buscada nos recôditos mais profundos do mundo e de nossa alma. E só ela é capaz de despertar os nossos potenciais adormecidos pelo cotidiano. A Inspiração então nos espera sentada à frente da fonte da poesia, onde jorra uma límpida e cristalina água, de onde beberam os grande mestres da humanidade. Essa fonte se revela porém, uma espada de dois gumes, pois quanto mais se bebe, mais sede se adquire. Como um músico que, ao tentar escrever uma canção à sua amada, quanto mais escreve, mais percebe em sua musa inspiração para escrever mais, e escreve não apenas uma obra, mas todo um ciclo de canções declarando seu amor. Essa fonte tende então a sempre mudar de lugar, como se buscasse fugir daqueles que a desejam só pra si. Por isso encontramos inspiração em tantas coisas diferentes. 

Alguns a encontram ao contemplar a beleza da natureza. Ao então uma rosa ou um belo cachorro à brincar pelo parque, pensam então em mil canções de deleite e alegria, de exaltação da natureza e de júbilo, em contentamento por ter vislumbrado tão sublime visão. Falam então do belo, do colorido e do sentido. Outros encontram sua musa na tristeza. São os que tendem ao pessimismo ou foram deveras machucados pelas duras mãos do destino e que tiram dái os seus versos de destruição e solidão. Falam estes da dor, da superação e da morte, com propriedade. Por fim, não importa se o artista tira daqui ou dali sua inpiração, sua obra é sempre expressão daquilo que traz em seu coração. Por isso diz-se que a arte, é a forma de se exprimir os afetos da alma através de diferentes formas. E tantas são as possibilidades quanto o são a coragem do artista em investir. Ora, quem haverá de duvidar da alegria de Beethoven ao escrever a sua Nona Sinfonia, ou da tristeza de Tchaikovsky ao compor sua Patética, ou por fim, dos sentimenso de Berlioz ao pensar nas notas de sua Fantástica

Algumas obras, pertencem ao panteão de toda a humanidade. Seríamos uma raça triste sem as obras citadas, elas foram também reponsáveis pela transformação do mundo, pela construção do Homem. Outras, pertecem ao elenco de obras pessoais, pois servem apenas ao seus autores e á algumas poucas pessoas, como esse blog. Não faz mal que assim o seja, muito pelo contrário, pois aqui, longe dos olhares maldosos que insistem em impor suas limitações ao próximo, a inspiração pode assumir a forma que lhe convém. Ou não assumir forma nenhuma, ela o sabe. De qualquer maneira, em ambas as situações, a arte cumpre o seu dever, de manifestar aqui nesse mundo, os afetos do nosso mundo ineterior, do nosso mundo pessoal, de nossa alma. Dessa forma, desenvolvemos ferramentas que nos permitem o acesso a esse lugar fantástico que é nosso mundo interior. Cada um então usa aquilo que mais o leva perto de cumprir com esse objetivo. Alguns produzem, outros consomem, e todos são atingidos em algum nível, 

Particularmente, sou agradecido a esse mundo que me permite visitar tantos diferentes e igualmente ricos e belos como o meu próprio mundo particular. E ainda que eu não seja capaz de tocar esses mundos, a visão que me é dada deles me permite aprender o necessário, para assim, unir a visão que o outro tem da verdade, a minha própria visão da verdade, e assim poder formular uma nova versão dessa minha verdade. Por isso a Inspiração também pode ser considerada o motor que faz o mundo girar. Não no sentido estrito da palavra, mas no que se refere a construção e manutenção das ideias que fazem o mundo ser o que ele é. 

Nossas ideias então, transformadas umas pelas outras vão moldando a cada um de nós nessas peças eternamente maleáveis e miscíveis entre si e assim, vamos também todos moldando o mundo à nossa volta. Cada um de uma meneira pequena e particular, mas que gera um onde desconhecida que em grande escala, muda todo o mundo.

Que a nossa inspiração sirva então ao nosso crescimento pessoal e que sejamos constantemente transformados pela verdade e que assim, um dia, movidos pela arte, consigamos alcançar tamanho grau de expressão de nossos afetos que poderemos dizer: "eu conheço meu próximo, pois vi com meus próprios olhos o mundo que há dentro dele."

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