sábado, 10 de abril de 2021

Insuficiente para o amor

Hoje finalmente aconteceu a estreia de Fish Up On The Sky, a nova série da GMM TV com o Phuwin, um ator de que gosto muito, como protagonista. Como fã dele desde que fez sua aparição como secundário em My Tee eu estava muito ansioso pra esse lançamento desde o anúncio, alguns meses atrás. O que eu não esperava, no entanto, é que a história fosse mexer tanto comigo assim. 

Bom, o personagem principal sofre de uma tremenda baixa autoestima, e até seu único amigo na faculdade, que ele nem mesmo conhece pessoalmente, consegue enumerar mais de cem motivos para ele não conseguir socializar com ninguém, sendo os principais a sua aparência (ele usa óculos do tipo fundo de garrafa, aparelho, cabelo bagunçado, se veste de modo engomadinho demais) e seu jeito meio estranho de fazer algumas coisas. Mas ele não é esquisito como dizem, o que acontece é que, tendo crescido sob a sombra do irmão mais velho, que é um modelo não só de beleza mas também de inteligência, ele acabou se esforçando pra ser o melhor nos estudos, deixando um pouco de lado todo o resto. Um acontecimento traumático no colégio também o deixou afetado psicologicamente, fazendo com que ele não consiga confiar nas pessoas com facilidade, deixando-o ainda mais sozinho. 

Acontece que ele se apaixonou por um dos rapazes mais bonitos da universidade, que um dia foi gentil com ele que, estando acostumado a ser ignorado e zombado tantas vezes, acabou se deixando levar pelo sentimento.

Na Tailândia há o costume de as pessoas se ajudarem no Dia dos Namorados a se declararem, e eles fazem vários eventos com o objetivo de unir as pessoas. Ele, no entanto, se sente incapaz de viver uma história de amor, chegando a questionar se isso existe para ele, ou se ele merece algo além de ficar sozinho e ser obrigado a não só ver o amor dos outros se realizando como ainda ser obrigado a ajudar, enquanto ele continua só, sob a chuva, com vários casais passando ao seu lado. 

Não preciso dizer o quanto me identifiquei com isso, como alguém que sempre sente tudo à flor da pele, mas que nunca é correspondido por ninguém (muito embora na série o personagem não perceba que tem alguém que gosta dele bem como ele é, mas isso é caso pra outro dia). Me vejo hoje exatamente com esse sentimento apertando o meu peito: apaixonado, sem ser correspondido e cada dia me sentindo ainda mais insuficiente para o que quer que seja. É assustador como a infelicidade nesse campo específico da vida afeta tanto outras áreas...

A minha autoestima está péssima, eu não consigo me olhar no espelho sem quase ter uma crise de choro, eu não consigo mais abraçar ou segurar a mão das pessoas como antes. Eu me sinto um lixo humano, a pior pessoa possível, aquela que ninguém quer se aproximar. 

Mesmo que eu tenha recorrido aos aplicativos de pegação na expectativa de conseguir alguma companhia isso só piorou tudo. Eu agora, além de sozinho, me sinto com nojo de ter sido tocado por aqueles caras, me sinto com nojo de ter feito o que fiz com eles, e me sinto ainda pior por saber que ele nunca vai pensar em mim a ponto de querer me tocar do mesmo jeito, para ele, eu sou tão atraente quanto o lixo que é descartado justamente porque ninguém quer olhar mais para ele. 

É horrível essa sensação de não ser merecedor de carinho ou amor, é horrível a sensação de que todos, de algum modo, podem encontrar alguém pra si mas que somente você é incapaz disso, como se tivesse em mim um defeito grave que eu, e apenas eu, não consigo precisar o que é. É horrível olhar-se no espelho e sentir nojo do que vê. É como se fosse eu sequer fosse um humano, mas somente andasse entre eles, mas não sou considerado um deles. E essa é uma batalha perdida. A vida real não é como nas séries em que o personagem principal vai descobrir que já tinha alguém apaixonado por ele há muito tempo e que gostava dele mesmo antes da mudança física acontecer, alguém que o amava por ser quem ele realmente é. A vida real não é bonitinha assim. As pessoas simplesmente passam por mim, dia após dia, sem sequer olhar para mim, como se eu sequer estivesse ali e, quando me percebem, o olhar é de profundo desprezo. 

Ou talvez o desprezo seja meu, é isso. Eu me desprezo, eu me odeio, e eu odeio o fato de que ele não olha pra mim, e odeio o fato de me chatear com algo como isso. Não era pra ser diferente? Não era pra eu conseguir ser superior a isso, suportar a solidão e embarcar numa vida de progresso intelectual, sem apelar para as potências mais baixas da alma? Mas eu não sou um grande espírito. Eu sou apenas um nada, sequer sou protagonista da minha vida, senão que sou daqueles figurantes que passam lá atrás, ao qual ninguém presta atenção e que, quando desaparece, ninguém nem mesmo se importa. E nem eu deveria me importar. 

E assim eu segui a noite, uma noite sufocante, daquelas que te envolvem como água gelada por todos os lados, daquelas que abafam os sons dos seus gritos e do seu choro, daquelas que te arrastam pelo chão até te deixar na mais completa escuridão. Uma noite escura, deserto, uma noite fria, solidão, aperto no coração. Assim eu segui, desejando fugir dali, fugir de mim, assim eu segui, vagando sem ver para onde ia, sem rumo, sem alguém a segurar a minha mão...

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. já passei por tudo isso um dia... e de alguma forma menos intensa ainda passo, quando me permito.
    você escreve muito bem, encontrei seu blog por acaso, e gostei muito.
    precisando conversar com um estranho que se identificou com sua história é só falar... abraço

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    1. Fico contente em saber que alguém se identificou, obrigado, de certo modo me conforta saber que, mesmo sendo difícil, não estou só. <3 Abraço

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