quarta-feira, 14 de abril de 2021

Vulcão


É bastante complicado ser uma montanha russa emocional em todos os momentos. Eu sou praticamente um vulcão que, adormecido, parece impassível como um monte mas que a qualquer momento pode explodir, pode destruir tudo ao seu redor, e logo tornar a dormir. 

Há dias em que me sinto explosivo, com os sentimentos aflorados, intensos como a lava. São os dias mais difíceis, dias em que preciso ficar perto dele, ou dias em que penso nele o tempo inteiro, que não consigo me concentrar em mais nada. E dias em que fico apático, até mesmo um pouco feliz, quando o sentimento se diminui, se transmuta em algo não tão perigoso e se torna uma brisa fresca num jardim em fim de tarde,  em contraste com aquele furacão que deixa um rastro de destruição por onde quer que passe. 

Assim eu vou tentando conviver com tudo isso. Hoje eu parecia perdido, olhando pro nada, os olhos distantes como meu pensamento, eu estava no mar, observando as ondas quebrarem na orla e ouvindo o som de alguém cantando lá longe, mas também não pensava em nada lá, eu simplesmente não estava aqui. Mas os últimos dias não foram assim, eu estava aqui, e sentia cada segundo, cada instante, como se em cada momento um achote em brasa rasgasse a minha carne, tamanha a força da carência que senti ao pensar nele. Hoje, no entanto, eu só via o mar e o céu nublado acima dele, a ressaca após uma noite de violenta tempestade. 

Mas agora o meu corpo ficou abalado. Ser palco de tantas batalhas tem um preço alto. Sinto que estou sendo displicente com todos ao meu redor, que tenho estado tão ocupado tentando lidar com meus fantasmas e demônios que acabo me esquecendo de aqui fora existe um mundo que também precisa de atenção. Percebi que tenho sido um fardo pesado demais para os meus pais e meus amigos, que eu dou mais trabalho do que ajudo nas suas vidas, e que todos estariam melhores sem mim por perto.

 Queria ter poder para mudar isso, ser alguém que consegue lidar melhor com o próprio ser sem perder-se numa floresta de devaneios por dias. Infelizmente a cada dia eu me sinto mais distante da realidade, como se abraçasse aquele mundo que se esconde no hiperurânio, além das nuvens, distante desse caos que me abarca, dessa correnteza que me leva pra todo lado e depois me lança na praia, destroçado. Queria poder ter a maturidade de encarar o que ele sente por mim sem sofrer, sem querer desaparecer ou mudar tudo magicamente, queria não ser tão fraco assim...

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