segunda-feira, 29 de maio de 2023

Breve Despertar

Estava adormecido há um tempo, sempre era assim nos episódios de depressão, tudo perdia a cor e toda vontade se esvazia. Tinha tentado alguns dias atrás mas desisti depois de uns breves minutos, vencido pelo cansaço. Mas dessa vez eu podia ficar até um pouco mais tarde, só iria trabalhar no segundo período então tinha mais tempo.

Fazia frio, a temperatura caia uns dez graus nos últimos dias e, sem cueca, eu percebi que a calça era fina demais. Já estava desistindo, tinha virado pra outro lado da cama já pronto pra esperar o sono quando ele deu um sinal de vida. Coloquei a mão pra dentro e comecei a acariciar, há dias eu não fazia isso, e bem devagar eu voltava a mão pra sentir o cheiro misturado com a glicerina do sabonete. O calor da minha mão foi se espalhando, pude sentir a cabeça crescer e as veias saltarem pelo corpo. Desci a mão até a base e o calor foi se espalhando pelas minhas coxas também, ainda com movimentos desconexos e apenas aproveitando a mão numa massagem delicada no membro que ficava mais duro e que agora pulsava lentamente. Passei a ponta do dedo pela parte que abandonara a proteção escura e, se estivesse claro, se exibiria brilhante, meio roxa e avermelhada. 

O pensamento voou um pouco para longe, alguns rostos perdidos na multidão, vozes que eu imagino que eles tenham, olhares e toques que só existem também nesses momentos de devaneios íntimos e luxurioso. Me pergunto se o ar se impregnou daquele perfume também. 

Abri um pouco mais as pernas, gosto dessa posição, gosto de sentir a forma nívea quente na barriga e as vezes em meu rosto, onde limpo passando a língua nos lábios e sentindo o sabor cítrico da minha essência expelida. 

Acelerei os movimentos e me senti vivo de novo, depois de alguns dias praticamente inerte, e acelerei mais e mais, tornando o carinho numa fricção forte, prestando mais atenção nos músculos do braço, esforçados nessa causa, e nos pesados cobertores por causa do frio, esperando que me aquecessem mais quando ela veio, farta, quente, violenta. Meus dedos ficaram cobertos de prata, e eu limpei rapidamente com a língua ainda arfando baixinho, mordendo os lábios com as últimas pulsadas do meu pau, depois ajeitei a calça, engoli e me virei pro outro lado num silêncio vazio. Seria uma boa noite de sono. Finalmente!

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