terça-feira, 9 de maio de 2023

Dignidade

O Santo Padre, o Papa Francisco, na Evangelii Gaudium nos diz, com a clareza devida que devia ser para nós palavras de guiamento máximo, que “no meio da exigência diária de fazer avançar o bem, a evangelização jubilosa torna-se beleza na liturgia. A Igreja evangeliza e se evangeliza com a beleza da liturgia, que é também celebração da atividade evangelizadora e fonte dum renovado impulso para se dar” (EG – 24).

Olhando para as celebrações que acontecem nas nossas paróquias não é difícil perceber o quão pouco frutífera é nossa liturgia. Parece que temos apenas duas opções: ou as missas carismáticas, longas, cheias de sentimentalismo e que, não raro, terminam em sessões de hipnose onde as pessoas ficam abertas a sugestão e ao transe por causa da música alta, das palavras dos pregadores e do exagerado enfoque no sofrimento humano que dá essa abertura nos espíritos já fragilizados. 

Por outro lado temos as missas da Teologia da Libertação, completamente descaracterizadas que sempre carregam uma conotação mais política do que espiritual. Nada conduz à oração. As músicas falam de libertação, de dor e sofrimento, de trabalho, e poderiam facilmente ser retiradas de qualquer manual marxista de quinta categoria. Até os salmos, a fonte primária da música católica são traduzidos de tal modo que passam a servir aos motivos políticos. Despida de suas vestes eternas a liturgia torna-se vazia, o que dá espaço para as invencionices mil que aparecem e que eu poderia descrever em dezenas de páginas e nunca acabar. Palmas em todos os momentos, dancinhas ridículas, ritmos inapropriados e nada, nada que demonstre alguma continuidade com a Igreja de dois mil anos. 

Nesse cenário imagens de verdadeira piedade e dignidade nos enchem os olhos e o coração de esperança. No meio das tristezas que temos nas missas atuais saber que, em alguns lugares, o Cristo Eucarístico recebe o devido respeito é inspirador. Seja pela beleza dos templos, dos paramentos ou pela firmeza da pregação ou até pela sobriedade do canto e do órgão em alguns lugares Cristo continua tendo o que merece: respeito como Senhor do Universo. 

E esses cenários devem ser, para nós, inspiração. Devemos fazer o mesmo, devemos buscar melhorar a cada missa, em cada detalhe, buscar melhorar sempre para que, em nós e na comunidade que ajudamos, Cristo possa ser reconhecido mais e mais como merece. 

Um exemplo máximo são as celebrações do próprio Papa, muito embora Francisco seja mais sóbrio que Bento XVI em nada o estilo particular de um anula o outro, pelo contrário, mostram que há sim espaço para a liberdade e a criatividade contanto que ambas respeitem os mistérios sagrados.

Por fim, muito me entristece ver que nossos padres e coordenadores nada entendem disso e buscam apenas as inovações mais absurdas para atrais os fiéis, sem perceber que os atraem não para Cristo, mas para sua própria criatividade maligna. Instrumentalizam a liturgia, empobrecem-na e privam o povo do contato verdadeiro que a Santa Missa nos oferece. É lamentável que nossas paróquias padeçam desses males com consentimento dos padres e bispos que, antes de instruírem as lideranças, aceitam e até incentivam esse comportamento. 

Resta-nos apenas o consolo já dito, daqueles que ainda têm a dignidade diante do olhar e que nos inspiram a honrar melhor o Senhor, ao menos em nosso coração. Que Ele seja recebido por nós com a dignidade que teria ao ser celebrado no presbitério mais belamente adornado, na mais bela catedral, pelo mais santo dos sacerdotes.

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Na imagem: Dom Joseph Perry, Bispo Auxiliar de Chicago. (IG:@aestheticacatholica)

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