domingo, 19 de março de 2017

Conflito de ideias

Noite de sentimentos conflitantes, como se uma guerra sangrenta estivesse sendo travada dentro de mim. Sinto minhas forças serem minadas, pois meu cérebro se consome em tentar encontrar m vencedor dessa injusta disputa. 

Dentro de mim duas ideias opostas lutam pelo domínio da minha mente, do meu coração e das minhas ações, e pelo que posso observar temo que ambas possam me machucar, caso encontrem uma vencedora. De qualquer forma sairei perdendo, pois ambas possuem uma força capaz de me lançar ao chão, como muitas vezes fizeram.

A primeira delas é a ideia que tento nos últimos dias imprimir em meu coração, uma espécie de independência afetiva. Tenho tentado com todas as minhas forças compreender que não preciso do outro para ser feliz. Isso faz parte de um projeto ainda maior de amadurecimento, que tenho levado como objetivo primordial na minha vida. Entender que preciso me amar para ser feliz, e não preciso de ser amado para ser feliz: eis o meu ideal! 

Mas logo nos primeiros dias já tenho me deparado com as primeiras barreiras. Um amante inveterado como eu não conseguiria tal nível de equilíbrio tão facilmente, não mesmo. Muito pelo contrário.

Tenho buscado então controlar os meus instintos mais primitivos, e portanto os mais poderosos: de não me apaixonar por ninguém, nem sequer permitir que abalem as estruturas do meu lado afetivo, ainda tão abalado das últimas experiências, que foram um tanto quanto desgastantes. 

Amores não correspondidos. 

Abandono. 

Amizades que se foram. 

Amizades que podem nunca retornar.

Tudo isso tem pesado demais em minhas ações e como consequência eu desenvolvi essa patológica necessidade de ser completado pelo outro. No entanto pude perceber que o outro não pode me completar, pode apenas acrescentar, mas eu devo ser completo por mim mesmo. Mas tenho entendido que é bem mais fácil escrever isso aqui do que colocar em prática. 

Dizer palavras é muito fácil, e percebi isso quando notei o vazio nas declarações de amor que já ouvi. Nenhuma delas foi verdadeira, pois o amor é incapaz de abandonar.

Esse meu lado deseja autoproteção, é uma barreira necessária a minha existência. Amor próprio, um escudo levantado contra as ciladas da minha própria mente, que acabam por atentar contra a vida de meu próprio coração.

Do outro lado se encontra a fera. Uma besta movida pelos seus instintos que também sabe usar de artifícios perigosos para me seduzis. Eu a vejo como um belo rapaz, de silhueta curvilínea, que todo o tempo me faz notar os homens ao meu redor, me colocando em situações constrangedoras por diversas vezes. 

Como resultados das seduções desse anjo de luxúria, tenho visto os outros se afastarem de mim. Vejo em seus olhos a frieza do desprezo. Esses olhares frios me congelam a alma, como se centenas de laminas perfurassem minha carne, me prendendo a uma parede, sem que eu possa fugir dali. Minha única opção é permanecer e suportar a dor que repetidamente se faz presente na minha carne.

Criei em mim uma necessidade tamanha que ninguém poderá saciar. Me tornei um animal de desejos, mas que por vociferar tanto, acaba por assuntando suas próprias presas, o impedindo de se alimentar de seu sangue. 

Para um observador externo, é bem óbvio o lado para o qual eu deveria levar minhas forças. Mas antes de qualquer julgamento, gostaria de acrescentar ainda a seguinte observação:

Se desde pequena uma pessoa foi acostumada a dormir de tal maneira, ou a comer de tal maneira, não será depois de 20 anos de hábito que ela conseguirá mudar rapidamente. Ela pode até abandonar ais hábitos, mas certamente não sei muita dor e sofrimento, ainda que o objetivo final seja para ela prazeroso.

Não posso mudar rapidamente, não seria possível, e tentar isso seria o mesmo que assinar um tratado de fracasso.

Mas ao mesmo tempo eu preciso ir aos poucos mudando essa forma de levar a vida, pois tornou-se dolorosa demais para mim. 

Não sei ainda qual das duas ideias sairá vitoriosa, só temo não sobreviver para conseguir descobrir. Que tipo de vida seria se a primeira vencesse? E se a segunda vencesse? Será que alguma das duas é capaz de me trazer a verdadeira felicidade? 

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