quinta-feira, 9 de março de 2017

Pequeno progresso

O dia se passou sem que eu me desse conta dele. E isso é ótimo, significa que quase tudo foi esquecido, quase tudo se encontra perdido num passado que eu não pretendo desenterrar tão cedo. 

Não percebi conscientemente, mas tenho certeza que as crises dos últimos dias foram consequências da lembranças reprimidas do dia 06 de março do ano passado.

Mas só me lembrei de fato do que esse data significou hoje. Foi o fim de tudo. o fim de uma vida que eu achei que estava começando e que foi abruptamente interrompida de forma violenta e brutal. Mas o fato de a data ter passado quase completamente em braco significa que isso já não mexe tanto comigo como mexeu tempos atrás. Posso ter passado mal, mas não chorei, não fiquei me lamentando pelos cantos e. na minha opinião, isso já é um feito e tanto.

Aos poucos acho que tudo vai se cicatrizando. Todas as feridas vão se fechando. Claro, algumas mais demoradas do que outras, mas todas aos poucos vão se curando, ainda que num processo doloroso e por vezes incompreendido. 

Creio que isso faça parte do tal amadurecimento, do crescimento orgânico da percepção de vida e verdade que cada um desenvolve dentro de si. Percebo agora o quanto eu me desesperei para superar rapidamente algo que levaria tempo pra ser feito. 

Posso me apegar com uma rapidez grande demais as pessoas, mas me desapegar infelizmente não é tão fácil assim. Na concepção comum das coisas, deveria me desapegar com a mesma facilidade com que me apego, mas as coisas não são bem assim, muito pelo contrário, o que eu levo uma semana para começar a sentir, demora meses, as vezes anos, para esquecer. 

Tudo é parte de um processo maior, como disse anteriormente, orgânico. Isso significa dizer que nem tudo acontece na mesma velocidade. Algumas coisas são mais complicadas do que outra. Se para mim é fácil destravar um sentimento por alguém ou por determinada coisa, não é com a mesma facilidade que eu consigo superar esse sentimento, pois isso já exige de mim um mecanismo muito mais complexo. Mas é bom notar que, ao menos um pouco, ao olhar para onde fui apunhalado, já vejo mais as marcas de uma cicatriz do que uma ferida aberta. Ainda que seja pouco, é bom ver que consegui fazer um progresso.

Olho pro céu agora e não fico mais apenas visitando os lugares onde estivemos e nem os momentos que passamos juntos. Agora eu olho pro céu e consigo ver a imensidão das possibilidades que se abriram a minha frente, havia um universo infinito a minha volta que eu não consegui vislumbrar e que agora se abriu a minha mente como um vasto oceano de águas a serem exploradas. De certa forma pode-se dizer que foi algo bom. 

Dizem que "aquilo que não mata, nos deixa mais fortes", assumindo então que essa máxima seja verdadeira, eu não morri por conta do término de um ano atrás, então de alguma forma eu devo ter ficado mais forte. Talvez esteja evoluindo, sem perceber, progredindo lentamente. 

Espero que consiga continuar evoluindo, organicamente, e aos poucos me tornando um homem melhor, mais maduro, mais seguro de mim mesmo... Ainda que lentamente, no meu ritmo, sem me moldar pelos padrões do que os outras são capazes de fazer. 

Vou continuar crescendo, sonhando, do meu jeito, no meu passo, no meu ritmo, e aos poucos me curando das feridas que hoje me impedem de avançar.

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