quarta-feira, 5 de julho de 2017

Como se nada tivesse acontecido

Nos habituamos a andar nas ruas apinhadas de gente, com todos ao nosso redor  se encolhendo por conta do frio, ou incomodados pelo calor. Andando pra lá e pra cá, todos, sem se preocupar realmente com os que estão a nossa volta. 

As vezes eu me pego olhando ao redor, e notando tantas pessoas. Sei que todas tem sua vida, sua história, seus problemas, e estão ali por algum motivo. Algumas saíram para pagar contas com o resto do ordenado, outras estão a espera de alguém especial, para dizer que o ama, ou para terminar o relacionamento que já vem desgastado já há algum tempo... Enfim, tantas histórias, tantas razões, tantos motivos para estarem ali e não em outro lugar...

Ok, talvez esteja exagerando um pouco, mas o fato é que vivemos a vida toda como se nada fosse importante, mas será que é desse jeito mesmo que devemos passar nossa existência aqui? 

Vi hoje uma pessoa que, tempos atrás, não era apenas um estranho na multidão, não era um cara qualquer, mas depois de tanto tempo, nós dois nos tornamos um para o outro nada mais do que um estranho. Pouco mais importante do que o vendedor de sorvete da esquina ou do que a senhora que reclama do atendimento na fila do banco. Estranhos. 

Nossas almas um dia foram próximas. Trocamos confidências, mostramos ao outro um lado nosso que o resto do mundo sequer podia sonhar que existia. Naquele momento nossas almas eram como que gêmeas, tão próximas que os mais desavisados poderiam dizer se tratarem de uma mesma alma. Mas esse tempo se foi e essas almas não se reconhecem mais. Se tornaram desconhecidas e quando se cruzam em algum acaso do mundo, mas se recordam dos nomes uma da outra.

Mas será que esses encontros são realmente fruto de um acaso? Ou será que eles também tem um propósito de existir, como aquele homem que levantou decidido a pagar as contas na manhã fria de quarta? Será que nesse encontro aparentemente sem importância dessas almas que já foram irmãs não esconde uma vontade do universo de reaproximar tão belas estrelas? 

Infelizmente se assim for o universo continuará a se entristecer, pois as almas que num breve instante se encontraram jamais voltarão a ser como foram um dia, e nem sequer darão início a uma nova era de proximidade... Apenas continuarão seu caminho, como se nada tivesse acontecido.

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