domingo, 9 de julho de 2017

Confuso com Bach

Hoje é um daqueles dias que eu gostaria de sentar em frente ao computador e me derramar em belas palavras, que fizessem algum sentido, que pudessem mudar alguma vida ou ao menos motivar alguém a fazer alguma coisa boa, a ser uma pessoa melhor...

Mas como posso eu escrever sobre algo que não e que nunca tenha vivido? Não consigo sequer escrever um poema de amor, pois nunca vivi um grande amor... Tudo o que flui do meu coração em palavras são retratos literários e infiéis do que meu coração senti. Uma fração das miríades de pensamentos que a todo momento brotam do meu íntimo, mas que por serem tão profundos não são passíveis de serem expressos em palavras mas apenas resultam em balbucios sentimentais, como os de uma criança que, mesmo sendo incompreendida. muito quer dizer.

Poderia sentar e falar sobre um belo sorriso que vi logo cedo pela manhã, após a Santa Missa e que aqueceu o meu coração enrijecido pelos 5°C de sensação térmica que tem feito nos últimos dias... Poderia, mas não sei se devo, pois acho que esse sorriso, aquele belo sorriso, deveria ser guardado só pra mim em meu coração e, pela primeira vez, ser apenas meu, e de mais ninguém. Isso seria possível?

Do que se supõe que eu deveria falar então? Da impressão que a temperatura deixou em meu coração? Já o fiz ainda essa semana, e sinto que esgotei esse assunto, ainda que pouco tenha dito sobre ele. Falha minha e de meu limitado vocabulário poético, ou de minhas limitadas experiências de vida... 

Poderia falar da música de Bach, que agora toca na minha playlist enquanto tento me aquecer com cobertas e chocolate quente, já que o sorriso que me aquecia foi-se embora, mas acredito que os especialistas em musica tem mais a dizer do que esse especialista em história da arte que de especialista mesmo só tem o título, pois o mundo da arte ainda me oprime como uma selva desconhecida esperando para ser deflorada por minhas mãos sensíveis.

Poderia falar de uma senhora cujo olhar me comoveu na Missa hoje. Olhar de quem havia vivido uma vida inteira de sofrimentos e dificuldades mas por algum motivo ainda estava grata por tudo o que tinha, ainda que fosse pouco. Ah... Aquele olhar me inspirou, me comoveu e por um instante me encheu de esperança e de certeza duma felicidade vindoura, não terrena e não material. Um olhar de coragem, de alguém que venceu as dificuldades da vida superando uma a uma não com poder ou influência, mas com fé e esforço, e muita força de vontade. 

Sim... Poderia falar desse olhar, mas e se compreendi errado e esse era apenas mais um dentre tantos outros olhares em meio a multidão? E aquele sorriso não era belo em especial, mas se tornou apenas porque eu quis que assim fosse? Poderia falar sobre qualquer uma dessas coisas, e ainda assim não estaria falando sobre nada além de coisas inventadas pela minha mente distorcida, sentado no escuro ouvindo Bach... 

Nenhum comentário:

Postar um comentário