domingo, 16 de julho de 2017

Fases

Mais uma vez fui vítima das torturas lancinantes de minha própria cabeça... Mais uma vez ela me fez de brinquedo e em suas mãos fui maleável e não tive nenhuma escolha... Com meus próprios pés caminhei em direção a mesa do torturador, e o único a sofrer com isso foi meu corpo, tombado de dores, temores e horrores indescritíveis...

A tortura me levou a lugares abomináveis, trouxe à tona pensamentos que há muito adormeceram e que eu acreditava estarem muito bem enterrados dentro de mim. Como a fênix ressurgiram das cinzas para me incendiar novamente, e uma horda de cadáveres veio junto para me assustar.

Muito embora minhas crises tenham sempre um gatilho psicológico, nem sempre é fácil compreender o que me deixa assim, no entanto elas seguem um padrão que me oferecem algumas pistas. Primeiramente elas sempre me deixam primeiramente eufórico, com dezenas de pensamentos indo e vindo numa frequência que nem eu mesmo consigo suportar... Ai eu escrevo, loucamente, páginas e páginas, ou choro por horas, ou fico ainda um bom tempo ouvindo música. O ponto comum de todas elas é que sempre me vem uma energia demasiado grande demais para ser contida dentro de mim.. Essa energia, mesmo sendo direcionada para algo não se desfaz rapidamente, o que me leva ao segundo estágio...

Geralmente após a euforia vem a segunda parte da crise: o agravamento do quadro clínico. Sempre no meio de uma crise eu começo a passar mal, seja numa crise alérgica, respiratória ou ambas. As vezes me ataca a sinusite, a rinite, a asma, a bronquite, tudo ao mesmo tempo. Já estou desde sexta com uma crise alérgica terrível, já se foram quase duas cartelas de remédios e até agora só houve uma melhora mínima. Para ir a Missa hoje cedo, por exemplo, foi um sufoco...

As vezes em companhia das crises de asma ou depois dela vem a terceira e pior fase: o cansaço, o torpor. É o momento em que a fadiga decorrente da excitação da fase passada começa a cobrar uma taxa do meu corpo, e além disso, considerando o fato de que na primeira fase eu quase sempre tomo algum decisão estúpida, é nesse momento que me arrependo dela ou tenho de suportar seus efeitos, suas consequências (quase sempre tomando mais decisões erradas).

Na primeira fase ocorre a carência, que se manifesta em excitação, e nessa ela se mantém mas se manifestando no sentimento de solidão, abandono... É sem dúvidas a pior de todas, e a que deixa marcas mais profundas em mim...

Fui tomado por uma profunda obsessão antiga que achei estar bem enterrada. Até eu mesmo fiquei assustado com o nível da paranoia que me dominou. Cheguei a ler algumas das linhas que escrevi durante aqueles momentos e não me reconheci nelas, pareciam terem sido escritas por um outro alguém, distante, diferente, não era eu... Mas sei que fui eu, pois reconheço a forma da escrita bem característica minha. Mas naquela hora, tudo o que eu conseguia era pensar nele, e de forma louca, desesperada, alucinada. Temo que esse descontrole, que por sorte foi visto apenas por alguns amigos, possa piorar e alguma hora resultar num erro irremediável. Imagine seu num momento como esse eu invento de agarrar a pessoa na rua? Certamente ia tomar uns bons socos pra deixar de ser maluco assim...

Mas realmente fiquei (estou) deveras assustado com o nível de paranoia que eu pude inventar, o que me faz questionar até onde irei... 

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