sábado, 22 de julho de 2017

Queria um abraço

Queria um abraço
Me sentia tão sozinho que precisava de um abraço
Daqueles apertados
Para que num instante que fosse 
Preenchesse meus braços com outros braços
E encostasse meu coração em outro alguém
Para segurar com meus braços um outro mundo
E por instantes ter meu mundo segurado por um outro alguém

Queria um abraço
Mas não era um daqueles simples abraços que damos aos colegas de trabalho
Nem aqueles de cumprimentar as visitas de sábado
Mas um abraço daqueles que restituem os pedaços partidos de um coração
E que trazem de volta a nossa emoção
Que fazem a gente se sentir sem chão

Queria um abraço
E fui atrás daqueles abraço
Nas estepes e campos escarpados, nos agrestes e nas tundras congeladas
E encontrei o meu abraço nos braços de um anjo de olhos claros e camisa azul
Ele me segurou em seus braços
E com seus olhos descongelou a gramíneas da tundra do meu coração
E por um instante imaginei essa mesma tundra
Não como um campo baixo, mas como um grandioso jardim cheio de flores

Queria um abraço
Mas não queria ter de caminhar entre os lobos para encontrá-lo
Nem ter de percorrer desertos terríveis para recebê-lo
Mas talvez os desertos sejam necessários aos abraços
Assim como os espinhos são necessários as rosas

Queria um abraço
Encontrei o meu abraço
Mas agora começo a crer que meu problema não era o abraço
Pois ainda desejo um abraço!

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