sexta-feira, 13 de abril de 2018

Ainda

Eu não quero mais falar de solidão, mas como falar de outra coisa se, agora, é só o que há em meu coração? 

Neste momento eu estou sentado na frente da minha janela. A chuva parou há pouco, e as luzes da rua refletem na água que ficou no chão. Ao meu lado uma grande caneca com caldo esfumaça delicadamente, e o som leve de uma música vem do meu notebook, no meu colo. Seria o quadro de uma agradável noite sozinho, se não fosse pelo sentimento de completo vazio que assola o meu peito. 

Já chorei pesadas lágrimas nos últimos dias, e continuo tentando me convencer de que faço um bem a mim mesmo me afastando dos outros. Mas isso não é verdade. O que realmente sinto é uma completa repulsa em mais uma vez correr atrás de quem não parece dar importância a mim, e se não vou atrás, ninguém vem, fazendo com que me reste a completa solidão. 

Com efeito o meu contato com o mundo exterior foi mínimo essa semana e, exceto pelas poucas horas envolvendo as Missas em que fui, quase não falei com ninguém. 

O resultado? Nenhum dos meus pretensos amigos me procurou. Nenhum percebeu o abismo em que me lancei. A nenhum eu fiz falta. Não fosse por uma ou outra pessoa que precisasse tirar uma dúvida eu teria ficado completamente isolado do mundo, ainda que conectado a ele. 

Se não faço diferença na vida do outro, a vontade que tenho é de desaparecer, sem deixar vestígios. Não seria uma perda para o mundo, de qualquer forma. Mas até para partir estou paralisado. Não presto nem mesmo para sumir.

Não sei quais serão meus passos nos próximos dias, ou se ao menos conseguirei me levantar da cama e olhar meu reflexo no espelho. 

Não sei nem ao menos como terminar esse texto, afinal, não há mais nada a ser dito agora em meu coração, pois o que há em mim é um vácuo, um vazio sem o mínimo que se possa esperar de alguém que ainda não está morto. 

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