terça-feira, 3 de abril de 2018

Da verdade

Percebo que deve cessar a minha busca. Sinto vontade de fugir daquele que, antes, corria para abraçar. Desejo ficar em silêncio ao lado daquele que um dia eu desejava ouvir a voz a todo momento. A companhia que antes me trazia uma doce sensação de carinho agora me provoca uma dor no estômago e um anseio por um sossego que eu sei que não terei ao seu lado. 

Percebo que deve cessar a minha busca. Isso porque compreendi a importância que tenho para ele. Servi de escada para colocá-lo ao lado daquela vil imperatriz, que há de destruir a sua vida de tal forma que não sei se serei capaz de reconstruí-la. 

Não quero mais ficar ao seu lado, pois sei que se ficar, me apegarei e logo serei trocado. Não quero ser novamente apunhalado, ser colocado em segundo plano e tratado como o pior, quando apenas desejo o melhor para você. Se é para estar em sua vida, não será com ela presente. Se é para sair de sua vida, que seja por querer e não por ser expulso!

Percebo que deve cessar a minha busca. Temo pela solidão que se seguirá a partir daí, e não quero buscar consolo em outros braços, pois sei que não há nesse mundo um abraço capaz de me reconstruir, capaz de refazer os finos estilhaços em que ficou o meu ser. O vazio que havia no âmago da minha existência desde meu primeiro pensamento se expandiu de tal maneira que cobriu e superou essa mesma existência, pois tudo o que há em mim agora é o vazio. 

Percebo que deve cessar a minha busca. Não há como achar. Não há o que achar. Não há o que buscar. Não há o que conquistar. Apenas devo me contentar com a verdade de que algumas pessoas foram feitas para viver a solidão! Alguns simplesmente não podem ter alguém ao seu lado pois isso contrariaria alguma lei maior de nossa existência, que faria parte da estrutura da cruel realidade em que vivemos. 

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