sábado, 7 de abril de 2018

O advento da incompreensão

Me sinto estranhamente inquieto, como se precisasse urgentemente fazer ou dizer algo de extrema importância. Isso provoca em mim impulsos de ansiedade que me atacam os membros e me deixa com dores terríveis, como se tivesse corrido uma maratona ou apanhado na rua. 

Ao mesmo tempo me sinto incapaz de me mover, inundado por uma necessidade de ficar quieto, em silêncio, no escuro, com o mínimo de contato com o outro. Isso provoca em mim uma sonolência crescente, e um humor delicado, pois é bem pouco provável que eu consiga dormir o quanto meu corpo deseja. 

A palavra que melhor define o meu fim de semana, até agora, é INCOMPREENSÃO. Me sinto incapaz de compreender tudo o que se passa ao meu redor, e ao mesmo tempo sinto que todos são absolutamente incapazes de compreender o que se passa comigo também. Incompreensão. 

Os acontecimentos dos últimos dias tem sido demais para mim e ,ainda que eu não tenha me debruçado por sobre eles na tentativa de melhor entender o que se passava, isso ainda sugou mais de mim do que seria possível eu dar. Como resultado estou exausto, impaciente e muito, muito assustado. 

Além disso me sinto carente, ciumento, muito ciumento, bem mais ciumento do que seria moral ou socialmente aceitável para qualquer um, e demasiado apegado em pessoas que, embora próximas, bem sei que não deveria me apegar, pois conheço muito bem o desfecho dessas histórias que se iniciam nas minhas noites escuras. É irônico notar que, e digo isso com o gosto amargo da derrota na boca, justamente quando acreditava ter começado a superar a necessidade do outro me vejo novamente na busca incessante pela completude emocional que falta ao meu frágil equilíbrio. 

Não sei descrever com mais precisão o que se passa comigo, e penso ser esse o limite de minha capacidade descritiva, mas é como se duas pessoas brigassem dentro de mim. Uma delas grita apavoradamente, com ódio a espumar pela boca, enquanto a outra ouve tudo a chorar ininterruptamente, como se alguém a esfaqueasse constantemente nos flancos, de modo a aumentar sua dor a níveis excruciantes. 

É vivendo essa dicotomia, em meio a essa intensa batalha interior em que nem sequer compreendo os desejos de cada lado, que me deito, na esperança de que uma luz possa clarear o meu intelecto e acalmar os ânimos de minha alma inquieta e instável. Temo pelo dia de amanhã, temo pela noite de amanhã, e chego a temer até mesmo pelo próximo minuto, com medo de que seja o instante do advento de meu fim! Claro que, se pensar bem, o meu fim não seria tão ruim assim...

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