domingo, 22 de abril de 2018

Tratado da leveza

Acordei naturalmente, e esse é um dos prazeres de minha vida, poder deixar meu corpo relaxar o quanto precisar, pra só então acordar quando sentir-se confortável pra isso. E se considerar que eu to quase sempre desconfortável com tudo ao meu redor, isso é de um valor inestimável pra mim. Por isso abomino tudo o que prejudica uma noite de sono perfeita, e endeuso os fantásticos benzodiazepínicos, que sempre garantem um sono profundo, do jeito que tem de ser!

Mas além de um sono tranquilo, tem outras coisas que eu gostaria de viver. Como poder observar um céu estrelado num lugar bem bonito, e ver o pôr do sol bem longe dali. Queria me deleitar com as belezas naturais, mas de dentro de um carro porque odeio mato e mosquito na minha pele, e depois experimentar sei lá, os melhores pratos da culinária tailandesa, enquanto visito aqueles templos maravilhosos, quem sabe na companhia do grande amor da minha vida, ou sozinho, não importa.

Só queria a despreocupação permanente, e não a complexa rede de inseguranças que me rodeia diariamente. O não saber o dia de amanhã me preocupa, me assusta. 

Eu não quero ouvir os lamentos do meu coração, quero ouvir as ondas do mar e o canto dos pássaros. Quero os sinos da Igreja e o som do órgão, mas não a irritação que vem dos que me rodeiam. 

Acho que no fundo eu só quero não pensar nas coisas que hoje eu penso. Não quero as correntes que me aprisionam num quarto fechado, mas quero a imensidão do céu estrelado, onde possa voar sem destino, levado pelo vento, com a brisa fria balançando meu cabelo. Eu sonho com essa brisa fria, que leve pra longe os pensamentos ruins, que leve pra longe as pessoas ruins, e que leve também tudo o que não for leve. 

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