quarta-feira, 25 de abril de 2018

Sobre a moral e os contos de fadas

Quando, em meio as desconexas e complexas relações humanas, busca-se o mínimo de respaldo para sustentar uma linha de ações mais ou menos displicente, a sinceridade é essencial. Em meio a tantos relacionamentos confusos, líquidos como acostumou-se dizer, a verdade rija é rara, e preciosa como um diamante. 

Dado o meu histórico de incompreensões no que diz respeito a relacionamentos, eu busco sempre compreender onde estou, e o que espero de uma relação com quem quer que seja, um amigo ou namorado, mas a clareza das expectativas é sempre necessária. Peca o mundo pela falta de clareza, que graças ao nosso débil intelecto por vezes deixa-se levar por uma incompreensão movida pela luxúria apenas. 

Isso, de modo a evitar essas incompreensões, consegue então ser o porto-seguro, tão caro em dias de águas incertas como os que estamos, onde a pluralidade dos relacionamentos precede a qualidade. Ainda me vejo nesse ínterim como alguém que busca o oposto do que o mundo pode me oferecer. Ainda espero que a fidelidade e o companheirismo sejam os deuses de um namoro, mesmo sabendo que hoje o egoísmo é o único soberano. 

Há em mim um resquício de moral cristã que me impede de cair no completo caos social, ou apenas uma cega crença no conto de fadas de que duas pessoas podem ficar juntas e serem felizes sendo apenas uma da outra? Até que ponto a ética pode se sobrepor aos desejos mais íntimos e animalescos que nós despertamos uns nos outros?

Talvez não se sobreponha. Talvez tudo que haja seja uma indústria de invenção de desculpas que damos aos outros para justificarem nossas ações, impulsionados por um sistema exterior que nos pesa na hora de explicar, mas não na hora de fazer. Não trata-se de moral, portanto, mas da imoralidade intrínseca a cada um de nós.

Duas visões se contrastam então: a de que ética deve guiar nossos atos, mas que por vezes parece não guiar os atos, mas apenas as palavras. E a de que na verdade somos movidos por uma crença fantástica, e não por um sentido de certo e errado verdadeiro. 

Qual das suas sairá vitoriosa? Por qual lado me decidirei? Serei levado pelas belas promessas dos contos de fadas, e continuarei sonhando com meu  (inalcançável, pois inexistente) príncipe do cavalo branco, ou continuarei me levando pelas belas palavras éticas, que uso pra encobrir os atos sujos que cometo movido pelos meus instintos luxuriosos mais primitivos? 

Nenhum comentário:

Postar um comentário