Há quatro dias o meu telefone não toca. Parece ter sido por
mim silenciado, mas não o fiz. A única coisa que silenciei foi a minha própria
voz, e aquela vontade incontrolável que sempre tive de dizer ao outro o que ele
significa para mim.
Há quatro dias eu me calei, e tudo o que me deram foi mais
silêncio. E não há beleza nisso, ou ao menos não que eu consiga ver. Apenas a
frialdade humana em seu aspecto mais óbvio e latente. Não há poesia nisso,
apenas a minha verdade de hoje.
Há quatro dias eu tenho visto quem se importa comigo, e isso
assustaria a muitos, mas a mim sobe um riso diabólico do peito, como se já há
muito soubesse a resposta. Sabia, sabia e fingia não saber. Os olhares frios
que na verdade só guardavam maldade e egoísmo não são mais apenas olhares, se
tornaram ações. A potencialidade se tornou atitude.
Há quatro dias eu venho tendo as minhas respostas, e isso
deveria me impelir a seguir por outro caminho. Me encontro, no entanto,
paralisado de medo, assustado demais para dar um passo sequer na direção
contrária. Por isso silencio, por isso me afasto, por isso eu durmo. Há quatro
dias o meu telefone não toca.
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