segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Corpo

Acordei com uma incômoda dor, pouco abaixo do estômago e também nos rins, nessa manhã. Depois de pouco tempo eu percebi que estava suando, ainda debaixo do cobertor, e que a brisa fria que entrava no quarto não era suficiente para me deixar aliviado. 

Tentei, por alguns instantes, fazer um tipo de exercício que vi na internet. Deitado de olhos fechado eu me concentrei na dor e na música que tocava, um concerto para piano da Clara Schumann, e então tentar entender o que meu corpo me dizia.

Toquei onde doía, e a pressão dos dedos me tornou um pouco mais consciente do meu próprio corpo. Foi uma experiência interessante. Senti meus músculos, ouvi meu coração bater quase que no mesmo compasso da orquestra, e a dor foi sentida com toda a intensidade. É estranho saber que somente às vezes me torno consciente de meu próprio ser, e triste é perceber que só faço isso quando algo não vai bem.

Não consegui compreender o motivo da dor, mas tive uma experiência enriquecedora, de me tornar consciente de mim mesmo. Depois de alguns minutos eu resolvi tomar um remédio e adormeci, no meio da manhã, acordando algumas horas depois, sem dor nenhuma, mas ainda consciente da experiência. 

Levantei e vi minha imagem no espelho, e foi uma outra surpresa, quando notei a imagem do corpo do qual me tornei consciente. Gostei do que vi. Os poucos músculos, a pele magra, as cores, as tatuagens... Gostei do que vi. Me senti bonito, me senti vivo. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário