quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Só Deus basta!

Meditando essas palavras de Santa Tereza eu gemo e me prostro diante de meus pecados. Vejo o quão distante estou das coisas do alto. Vejo o quanto deixo que as coisas vãs do mundo preencham o meu ser, tomando o espaço que deveria ser apenas de meu Senhor. 

Me recordo da música que diz "os homens fogem do amor, e depois que se esvaziam, no vazio se angustiam". Assim me sinto nesse momento, perturbado, angustiado, como a paga devida pelo desvario de buscar minha completude na imperfeita criatura.

Eleva o pensamento, ao céu sobe
por nada te angusties, nada te perturbe.
A Jesus Cristo segue com coração grande
e venha o que vier, nada te espante... 

Meu pensamento está longe do céu, antes disso, chafurda no mais imundo lamaçal. Dei as minhas costas aos céus, e me joguei de cara na lama, como aquele jovem rico que desejava comer a comida dos porcos de seu patrão, já esquecido dos ricos banquetes da casa de seu pai. 

Meu coração se esqueceu do Cristo, mais uma vez, mesmo estando ele pesando sobre o meu peito, e por isso toda pequena brisa soa como tempestade no meu coração.

Vês a glória do mundo? É glória vã:
nada tem de estável, tudo passa!
Nada te perturbe, nada te espante, tudo passa!

A beleza do mundo me cegou, me inebriou, me hipnotizou. Dizem que a beleza é a forma da verdade, mas também a mentira pode usar-se da beleza para enganar. A glória do mundo me cegou, a beleza do outro me hipnotizou. E a glória do mundo passou, a beleza evaporou, tudo passou...

Aspira às coisas celestes, que sempre duram.
Fiel e rico em promessas, Deus não muda.
Ama-o como merece, bondade imensa...
Mas não há verdadeiro amor, sem a paciência!

Oh como estou distante de buscar as coisas do alto. Meu coração está aqui, meu peito apenas deseja as coisas daqui, as pessoas daqui. Não desejo o criador, mas a criatura. Mas as promessas das criaturas são todas falsas, vazias, todas elas mudam, murcham. E com elas, a desesperança.

A confiança e fé viva mantém a alma.
Quem crê e espera, tudo alcança.
Deus não muda! A paciência... tudo alcança!

Minh'alma se encontra desesperada, perdida no vazio de uma noite escura que eu mesmo busquei. Perdida numa tempestade causada pela imperfeição das criaturas que eu julgava perfeitas. Não esperei, não acreditei, me coloquei no lugar de Deus, e quis usurpar-lhe o trono, quis decidir tudo por mim mesmo. Minha impaciência tornou-se minha senhora. 

Do inferno acoçado, embora se veja,
enganará seus furores, quem a Deus tem.
Que lhe venham desamparos, cruzes e desgraças...
Sendo Deus, o seu tesouro, nada lhe falta!

Agora caem as escamas de meus olhos, e vejo antes meus olhos que alguém cuida de mim. Não zangado por ter preferido as coisas do mundo, mas triste por tê-lo abandonado. Estendendo os braços para mim ele me oferece vida nova, nova esperança, e uma promessa real, de que a paciência, tudo alcança!

Ide, pois, bens do mundo, pois tudo é nada...
Ainda que tudo percas, só Deus basta!
Quem a Deus tem, nada lhe falta... Só Deus basta!

Passada a noite escura da alma, vem o sol grandioso, guiado pela linda Estrela da Manhã, Nossa Senhora, que a Deus tudo confiou, em Deus esperou e por Deus tudo suportou. E mesmo nos momentos mais difíceis, mesmo aos pés da cruz, mesmo após a ruz, só em Deus confiou, só Deus lhe bastou!

~

Nota: Reflexão baseada no poema "Nada te perturbe" ou "Só Deus basta" de Santa Tereza D'Ávila; No entanto a letra aqui usada é aquela musicalizada pela Ir. Kelly Patrícia, cuja voz me acompanhou e inspirou durante essa noite escura. 

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