sábado, 27 de outubro de 2018

No meu bairro

Por José Vitor

O meu bairro é engraçado. Lá se encontra de tudo!

Eu sempre via um rapaz em que a anos criei teorias sobre suas aparições. Sempre no mesmo local e nos mesmos horários, meio dia e seis horas da tarde. Com a mesma roupa, faça chuva, faça sol, frio ou calor, e com um molho de chaves em suas mãos, balançando como se fossem sinos. A princípio eu achava que estava esperando alguém chegar. Depois achei que fosse um louco, ou um drogado que só ia lá pra bater perna...

Eu descobri. Ele é um louco, mas não usa usa drogas, e está ali todos os dias esperando o retorno de sua amada. Ele a amava muito. Sonhava em ter filhos com ela, construir uma família com ela. E todas as vezes que ela saia do trabalho (às 12:00 horas) e logo após seus expedientes, ia para sua casa (18:00 horas).

Ela se foi. O deixou, e ele nunca soube o motivo, e o deixou com um grande buraco no peito, com uma tremenda saudade. Ele ficou louco. Não aguentou.

E todos os dias ele acordava feliz, preparava um almoço, como se fosse o último. E enquanto o tempo passava, mais essa alegria tomava conta dele, até os meio dia, quando ele ia para a sua esquina, com a roupa que ela adorava, com as chaves nas mãos, esperar ansiosamente sua amada para almoçar. Mas ela nunca aparecia. Ele chora, enquanto sabe que ela não vai vir. E volta para casa. Mas de novo, a alegria vai tomando conta dele de novo! Ele arruma sua cama, para abrigar com todo aconchego a mulher da sua vida! E ansiosamente ele corre para sua esquina, com a roupa que ela gostava e com as chaves nas mãos. E novamente caia em si, conforme os minutos se passavam, que sua querida não viria para sua casa... Então ele retornava a sua casa, chamando e ia para sua cama, com o seu mundo destruído, caído.

Seu coração partido, aos pedaços, aos mais pequenos pedaços, com os olhos vermelhos de tanto chorar. Com a roupa que ela tanto gostava encharcada pelas suas lágrimas. Ele chorava e chorava, até em fim adormecer sem perceber. E no outro dia... tudo voltava a ser como no dia anterior.

O amor cura. Mas também é capaz de transformar o homem mais sábio do mundo num louco estúpido.

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