domingo, 7 de outubro de 2018

Serendipitia

Apenas agora, no silêncio da madrugada, eu consigo me sentar para dizer aquilo que senti nos últimos dias. Muito embora a precisão seja prejudicada pelo adiamento dos ditames, a ocasião original em que estes se deram  tornavam incapazes de serem escritos naqueles momentos. 

Compreendi que certas coisas não precisam ser partilhadas com os leitores desconhecidos que se dedicam a estas páginas, e quem nem tampouco necessitam serem eternizadas aqui ou em outro lugar. Algumas coisas são belas por acontecerem apenas naquele momento. A vida é alegria, tristeza e tudo o que há entre essas duas coisas, foi o que alguém me disse. 

Tive dificuldade de aceitar que eu estava vivendo aquele momento feliz. Custei acreditar que a ansiedade dolorida deu espaço a uma alegria tímida, mas sincera. Passamos boas horas juntos nos últimos dias. 

Sorrimos, 
conversamos, 
cantamos, 
brincamos. 

Eu ganhei abraços, 
afagos, olhares de afeto 
e sorrisos de companheirismos. 

É mais do que eu esperava. Sério! Não acreditei ser possível que pudesse ficar feliz ao lado dessa pessoa. Já estava certo de que a nossa convivência só me podia trazer dor e lágrimas, mas eu fiquei bem longe das lágrimas esse fim de semana, e como isso me alegra! Isso me faz ver no mundo uma centelha de esperança. 

Talvez não seja meu fim ainda.

Por mais que durante a última semana eu me sentisse vivendo num limbo entre o real e imaginário, sem conseguir distinguir o que era a realidade e o que criação da minha mente, dessa vez foi diferente. Eu sabia bem que era real, e tinha consciência que aquela alegria não era ainda a alegria que desejara meu coração. Eu sabia que aquele momento seria como o desabrochar das flores de cerejeira, que inundam de beleza a paisagem, para logo se desfazerem na efemeridade, nos ensinando o valor de contemplar a beleza de certos momentos. Eu sabia que estava sendo um momento entre dois amigos, e nada mais do que isso, mas foi tão bom que eu não liguei pro fato de que o meu desejo não fora completamente realizado.

Mas, um momento!

Se tudo que eu sempre quis foi a presença e a figura, meu desejo fora sim realizado. Talvez não com os detalhes que sonhei, mas certamente com o maior grau de realidade que poderia haver. 

Eu fui feliz, estou feliz. 

Ao menos por alguns dias pude me livrar das altas contemplações, das grandes questões metafísicas. Não precisei pensar nas coisas que existem mas que não podem ser vistas e nem tocadas, senão que apenas podem ser racionalmente compreendidas. Eu não busquei compreender profundamente o que aconteceu porque a simplicidade foi tamanha que me mostrou que nem sempre a felicidade precisa vir acompanhada de rebuscadas definições filosóficas. 

Eu fui feliz, estou feliz!

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