segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Uma coisa me atropela

É preciso dizer
Quando olhas assim
Uma coisa me atropela
Dentro o peito
Como é que se faz
Elevado do chão
Eu flutuo nessa coisa
Do teu jeito.

Meu amor fez de mim um homem cativo. Eu olho as pessoas ao meu redor, pessoas livres, que andam pra lá e pra cá estarem presas a nada que as prive de viver, de voar livremente por aí, e quando me olho no espelho, só consigo ver um homem esmagado pelo peso das próprias correntes. 

Essa coisa dentro de mim, esse amor, também me suga, como um parasita, me consumindo, fazendo com que aos poucos eu deixe de existir. E ainda assim, mesmo não sendo mais quase nada, ainda carrego o peso dessas grossas amarras, que me ligam invisivelmente a pessoas livres, que em nada se prendem a mim. 

Essa coisa que me atropela, sai de dentro de mim, flui naturalmente. Mas machuca, corrói, consome. Me vejo então sozinho, nessa noite de domingo, com a neblina fria refletindo a luz fraca dos postes na rua, e não me sinto contente, nem completo, senão que me sinto vazio, desejando silenciosa e intimamente alguém aqui comigo, alguém do meu lado.

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