segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Outubro

O primeiro dia de outubro começou chuvoso, um pouco abafado, e muito nostálgico. Não é de se estranhar que fiquei o dia quase todo deitado, sem forças pra me levantar ou para pensar demais em qualquer coisa. Não é de se estranhar que a chuva me traga pensamentos tristes, e que o frio só sirva para que eu me recorde da latente solidão que me rodeia. 

Me sinto lançado as águas que correm nas ruas, e minhas extremidades estão dormentes. Somente minha cabeça parece ainda estar consciente de si, e isso não é nada bom. Aliás, isso faz com que me sinta ainda pior, afinal o que há de bom em não sentir nada além de solidão? 

É como se estivesse flutuando, meu corpo está leve, mas não me responde. Tudo o que consigo fazer é sentir estímulos que não deveria, sensações que preciso esquecer, sentimentos que precisam morrer. 

Outubro me recordou de que estou sozinho. Me mostrou que não importa se continuo aqui, ou se vou para qualquer outro lugar, ainda estarei só. Não há amor ou companhia no mundo para alguém como eu. 

Vejo agora que as músicas sobre estar só, os livros onde a solidão é mostrada em toda sua latência, as teorias sobre como a consciência é a responsável pelas dores e desentendimentos entre os homens. Tudo isso são formas de expressar essa realidade demoníaca, mais fria do que as gotas pesadas que lavam o asfalto de nossos sonhos e mais dura do que o aço das espadas que golpeiam os inimigos até a morte. 

O homem não é um animal social, não. O homem é um animal condenado a solidão infernal. A gritar sozinho pelo mundo cheio de homens mas sem nunca ser ouvido por nenhum deles. 

Outubro não trouxe objetivos, nem perspectivas. Outubro começa com desilusão, com desamor. Outubro começa com sonhos soterrados, lágrimas nos olhos e aperto no coração. 

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