segunda-feira, 13 de julho de 2020

Farol

Finalmente tive a coragem, ou a imprudência, de te dizer a verdade, sem rodeios ou floreios poéticos. Eu sei bem que não deve ser de grande importância pra você mas, para mim, assumir em voz alta é aceitar encarar de frente uma verdade que eu vinha negado há muito tempo. 

Até para os meus amigos mais próximos eu vinha mentindo, dizendo que você nada significava, que não tinha importância mas, dentro de mim, eu sabia que isso não era assim. Eu já sabia, sabia e fingia e não saber. 

Posso não ter esclarecido que o que eu sinto nasceu de uma admiração sincera, algo do brilho dos seus olhos que me encantou, me hipnotizaram e me fizeram prisioneiro da sua presença que irradiava tanta luz. Mesmo por detrás de toda essa personagem, de todas essas camadas de pensamentos estranhos que colocaram sobre você, eu ainda vejo algo, bem lá no fundo, que me encanta e me faz querer estar por perto, me faz desejar ter você comigo. 

Vejo você então dessa forma, como esse Apolo, esse inalcançável ideal. Tão distante como o céu está das criaturas condenadas a vagar pela terra sem rumo. Você é essa chama ardente no alto da montanha, eu sou apenas uma embarcação que se perdeu em meio ao mar revolto, escondido por entre um denso nevoeiro, apenas sonhando em ver de perto a luz do farol de um porto seguro. 

Foi bom ter esclarecido. Não gosto de deixar coisas não ditas, o óbvio também precisa ser declarado, com todas as palavras. E, se as palavras têm mesmo poder, talvez os meus sentimentos consigam alcançar o seu coração, e você consiga me olhar nos olhos também, vendo o que sinto pela primeira vez. 

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