domingo, 29 de agosto de 2021

Amantes

Sempre pensei no romance como algo extremamente idealizado, como nas belas cenas do cinema e da televisão. A noite que se inicia com um jantar num restaurante famoso do centro ou num Burger King, as risadas acompanhadas de Milk Shake de chocolate. Já em casa as conversas pervertidas e divertidas sobre casos escandalosos, de famosos e membros da comunidade, até que se iniciem os primeiros toques, acompanhados dos olhares discretos que desde o início da noite indicavam um desejo crescente. 

O toque na perna, mensagem clara, desperta no corpo uma carga elétrica incontrolável. A mão que pousa sob o peito que bate rápido, a respiração entrecortada, o rosto corado e um sorriso no canto dos lábios antes da aproximação.

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Os corpos suados estão entregues ao furor dos orgasmo, deitados de costas, linhas de suor descem pelo pescoço e pelo peito forte, que ainda arfa com a respiração exasperada, rostos vermelhos, um dos dois tímido, abraçando um lençol para cobrir o corpo pequeno e envergonhado que até poucos minutos atrás era usado para compor uma bela escultura moldada em complexos formatos humanos. O maior o abraça por trás, um beijo de carinho, aquele carinho ao qual nos entregamos após tórridas sessões de luxúria. O pequeno fecha os olhos e se lembra em detalhes cada momento daquela noite, desde as mordidas e arranhões até os doces gemidos de nomes e outras palavras. A prata ainda escorre pelas pernas, um testemunho silencioso do amor. 

Do amor que os uniu ali, do amor que fizeram deles um só, do amor que, embora guarde muitas incertezas, pode ser a maior aventura de suas vidas, iniciada ali, naquela cama, iluminada pela luz branca do poste que entre por entre as frestas da cortina que se agita com a brisa fria que entra no quarto e, singelamente, toca a pele vermelha dos dois amantes. 

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